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Até breve minha amada amiga Amélia Busato Haymussi, escreve Edison Porto

Amelinha nasceu em Passo Fundo RS em 21 de abril de1932, aos quatro anos veio para Caçador SC

Por Edison Costa Porto

Quem conheceu a Dona Amélia, ou como alguns a chamavam Amelinha, certamente sentiu a energia de uma pessoa especial que na sua simplicidade, esbanjava elegância tratando a todos com igualdade e atenção, uma atitude que só as pessoas de alma nobre demonstram no relacionamento com outros, não importa a aparência, origem, raça, religião ou status social.

Amélia com a família na Páscoa de 2024

Ela nasceu em Passo Fundo no RS, mas aos quatro anos veio morar em Caçador. Seu pai Florência Busato aceitou o convite do amigo José Adami e de Pedro Busato que já moravam aqui, assim a família pegou o trem rumo à cidade, com pernoite em Marcelino Ramos (RS). Uma viagem que ela descreveu em seu livro “Do Outro Lado da Ponte”, lançado em 2007, contando a história da família, mas que por tabela acabou contando parte da história de outras famílias e da própria cidade de Caçador.

Recentemente, já bem fraquinha, uma chama que vinha se apagando, eu vi seus olhos brilharem numa conversa com Padre Valmor que a visitava. Sua fala, seus movimentos eram de uma dama. Por algum motivo perguntei sobre como foi a vinda para Caçador, foi emocionante perceber sua  vívida lembrança da chegada do trem na Estação, onde o Sr. José Adami  os esperava!

Amélia e eu, nós ornávamos!

Eu conheci Dona Amélia em 2001, minha primeira visita à Caçador. Desde então foram muitas conversas, muitos encontros de família, muitas risadas. Embora 22 anos mais novo, nossa brincadeira era que nós ornávamos muito, meu bigode branco com seus cabelos prateados e, por isso, em passeios com ela na Capital de São Paulo, muitas vezes nos tinham como um casal e minha esposa Mônica como nossa filha. Sempre gostei desta confusão, dava corda no equívoco das pessoas que nos fazia rir muito contando depois para os familiares. Na verdade eu ficava orgulhoso com este engano porque minha admiração por ela é muito grande, talvez ela tivesse o mesmo sentimento!

Outra diversão só nossa, era conversar em francês na frente da filha, minha esposa que não entende a língua. Era pura provocação! Ela deu aula de francês para várias pessoas. E lá pelos 70 anos ela se aventurou pela Europa, visitando a França e a Suíça, um sonho realizado.

Amélia com as cinco filhas e a Neca Timmermann “uma filha a mais” e a neta Amanda Salles

Era impressionante a sua bondade em ajudar as pessoas, até hoje, por ela damos continuidade a doações para um senhor que vem procura-la para receber alimentos, cesta básica, roupas e às vezes uns trocadinhos.

De fé católica, foi catequista, cantou no Coral da Catedral, aliás, bem próximo de um vitral doado por seu pai. Até o final acompanhava a missa de Aparecida pela TV. Em seu aniversário de 92 anos fez questão de ir à missa, como sempre fez todos os anos. Recebeu a benção do Padre Vilson e teve seu coração alegrado com a comunidade presente cantando o Parabéns para ela.

Quando eu vinha de São Paulo o melhor presente para ela era um livro. Ela não adormecia sem antes ler um pouco de algum dos livros sempre presentes em sua cabeceira. Ela conhecia muito de história e de lugares do mundo pelos livros que lia. Uma mulher de boa cultura e muito conhecimento.

Amélia Busato Haymussi e a filha Rosana Haymussi Regges

Filha do italiano Florêncio Busato e da gaúcha Luigia Domênica Gemelli, Amélia teve seis filhos, Emerson, Silvana, Rosana, Mari, Sara e Mônica que lhes deram 12 netos e até hoje são três bisnetos. Há 14 dias passou a tristeza de ir ao velório da filha Rosana que aos 67 anos sofreu um AVC no dia 19 de abril e nunca mais voltou à consciência.

Eu creio na vida eterna e que apenas nossos corpos perecem, portanto não há morte real das pessoas, mas o nosso amor a elas nos dá um apego tão grande que acabamos sofrendo nestas ocasiões. Penso que a melhor forma de ajudarmos nossos entes queridos que passam pela transição de uma etapa da vida que conhecemos, para outra na volta para o Pai que cada um em sua crença religiosa acredita, é o de orarmos por suas almas, agradecermos pelo convívio que tivemos e procurar sublimar a tristeza com as boas lembranças de momentos felizes.

Querida sogra Dona Amélia, amada amiga, eu lhe sou grato e manterei sempre seu sorriso comigo. Que a energia do amor em cristo siga no meu beijo de até logo!

Foto de capa: Amélia Busato Haymussi e seus 6 filhos

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Sobre o autor: Edison Porto, Consultor de Negócios, administrador pela Eaesp/FGV; MBA em Finanças pelo IBMEC-SP, bacharelando em Direito e acadêmico de Jornalismo; Técnico em Agronegócio – SENAR SC; Membro da ACIJO  Associação Caçadorense de Imprensa e do Núcleo de Meio Ambiente da ACIC Associação Empresarial de Caçador. Presidente do Conselho Municipal de Turismo 2023/2025; membro do Conselho Municipal de Cultura, do Conselho Municipal de Meio Ambiente, do Conselho Consultivo da Floresta Nacional de Caçador ICMBio e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio do Peixe. Afiliado aos Clubes de Observadores de Aves do Contestado e de Caçador (COAC e COA Caçador). Faz parte das diretorias da OnG Gato do Mato, do CTG Estrela dos Pampas. Ocupa a cadeira nº10 da Academia Caçadorense de Música. Editor do Jornal Caboclo. Detentor da Marca Registrada no INPI:  IMPRENAUTAS – Informação e Cultura.

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2 comentários sobre “Até breve minha amada amiga Amélia Busato Haymussi, escreve Edison Porto

  • Terezinha Izolete Galvani de Lima

    Parabéns pela bela homenagem a sua amiga e sogra.
    As pessoas que amamos partem entes de nós e aí a gente sofre.
    Mas, saudades sim, tristeza não!
    Meus sentimentos.

    • Grato querida amiga Izolete, pensamos como você. Saudades sim, tristeza não!
      Saudações!

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