Economia Verde, uma visão do Brasil 2030, escreve Rose Campos
Retrospectiva 2018 com atenção para o desenvolvimento sustentável
Por Rose Campos
“O Brasil tem condições de liderar o desenvolvimento sustentável”, com essa afirmação o embaixador de meio ambiente da Organização das Nações Unidas (ONU), presidente do Conselho Mundial da WWF e economista ambiental Pavan Sukhdev, iniciou o evento “Economia Verde, uma visão do Brasil 2030”, que ocorreu no final de 2018 na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, com a finalidade de discutir sobre uma nova economia, verde, inclusiva, produtiva e circular, que represente oportunidade de negócios e crescimento, mediante a força dos recursos naturais do país. Muito simpático, Pavan, que foi o convidado internacional entre várias autoridades, concedeu entrevista coletiva e falou com os nossos Ecos sobre o papel e a contribuição da ‘comunicação local’ (Ação local gera Ecos) no fomento sustentável dessa Economia Verde hoje, rumo a 2030.
Na visão da Federação das Indústrias, ali representada por Nelson Pereira dos Reis, diretor titular do Departamento de Desenvolvimento Sustentável da Fiesp e do Ciesp, hoje as pessoas e as corporações, a indústria brasileira, especialmente a paulista, incluem em suas agendas a sustentabilidade ambiental e econômica e, portanto, “a valoração ecológica, incluindo a produção de conhecimento sobre temas, como produção de energia e resíduos, se torna fator de competitividade, não apenas uma questão de obediência a regulações”, acrescenta o diretor.
Na mesma direção Walter Lazzarini, presidente do Conselho Superior de Meio Ambiente da Fiesp (Cosema), ressalta a importância de uma economia verde, com baixa geração de carbono, com uso adequado e eficiente de recursos naturais e frisa: “a economia verde é o passaporte para alcançar os exigentes mercados mundiais”. Para Igor Calve, secretário do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, entretanto, ainda há um longo caminho a seguir em relação à economia verde, tema frequente nas discussões sobre competitividade – e essencial para o Brasil.
O preço do capital humano
“Vivemos numa economia marrom, não verde”. A economia verde é o caminho para aumentar o bem-estar dos homens e combater a desigualdade. Isso é uma prova de que “há muito a ser feito em termos de sustentabilidade e visão de futuro”, diz Pavan Sukhdev, que é um defensor do conceito de economia circular, com qualidade de vida, de forma regenerativa para evitar o desperdício. Portanto, diz ele, “temos que investir e colaborar com os processos de mudança.”
Para Pavan, sem objetivos sociais, não conseguimos atingir os objetivos econômicos, ou seja, “hoje, 40% do espaço da Terra é dedicado a plantações, porém essas áreas estão sendo danificadas e contaminadas com pesticidas. “Isso quer dizer que não estamos apenas envenenando os alimentos, estamos sim envenenando o solo. A contradição, segundo ele é que temos de aumentar a produtividade para garantir alimento para a população mundial, portanto, “temos que mudar a forma de produção de alimentos para o futuro”, além de considerarmos a “crise das pequenas fazendas brasileiras, que estão sendo engolidas pelas maiores”.
Entretanto, para o economista ambiental, o capital humano é o principal aspecto a ser analisado rumo a uma economia verde e, portanto, sustentável e uma das saídas é ter um olhar local para as cidades, ou seja, “é preciso focar nas cidades, no capital humano, nas competências das pessoas para promover mudanças e as novas gerações de consumidores, segundo ele, já estão provendo mudanças nesse sentido, pois seus hábitos alimentares estão mudando graças ao comportamento desses millennials, que querem conhecer a origem daquilo que compram e, portanto, consomem, “um processo que já está fazendo a “agricultura deixar de ser química e voltar a ser natural”. Para Pavan o papel dos agentes de comunicação nesse processo é de fundamental importância para o desenvolvimento de políticas assertivas, para a promoção de diálogos e discussões que gerem e levem ao entendimento e ações locais salutares rumo à economia verde.
Ação local e o clima global
Também convidada do debate, a presidente da Rede Brasil do Pacto Global, uma das maiores iniciativas em nome da sustentabilidade do mundo, Denise Hills, destacou que “negócio que não é sustentável não é um negócio, mesmo que ainda seja rentável”. Ao defender sua teoria de sustentabilidade e equilíbrio ambiental, Hills explica que pegou bronquiolite ao visitar a China, país onde, em algumas cidades, a poluição está 45 vezes acima do máximo recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Portanto, alerta que “não podemos mais viver como vivemos e quem for mais corajoso, que vire o escapamento do carro para dentro e faça essa reflexão.”
Chefe de Inovação e Novos Negócios da TOTVS, Juliano Seabra reforçou o papel da inovação para a economia verde e criticou não termos índices estatísticos para quase nada. “O nosso primeiro problema é não medirmos coisa alguma. Onde estão, por exemplo, as empresas que trabalham com economia verde?’, questiona Seabra, acrescentando dados que “na Alemanha, entre 15 e 20% das novas empresas têm impacto positivo na economia e no clima.” Para ele, portanto, é preciso unir “empresas, academia, governo e empreendedores” em prol da causa. “O Brasil pode ser uma potência nesse debate, entretanto, precisamos conduzir essa discussão.”
Roberto Waack, da Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura, afirmou. “Precisamos lutar pelo uso mais responsável da tecnologia no campo.”.
Para o presidente da Fibria, de produção de celulose branqueada, Marcelo Castelli, “a sociedade evolui com a união entre governo e sociedade privada”. “Precisamos ter equilíbrio no manejo florestal.”
Segundo lembrou o presidente da energética EDP no Brasil, Miguel Setas a empresa está entre as quatro maiores em energia eólica no mundo; porém, “é preciso haver senso de urgência para que não haja aumento na temperatura do planeta e, para isso, precisamos de mais geração com fonte limpa. Setas, que elogiou o Brasil na produção de energia eólica, apontou ainda três tendências para o futuro: “descarbonização, descentralização e digitalização, com o advento da indústria 4.0”.
Luís Fernando Barreto Junior, presidente da Associação Brasileira dos Membros do Ministério Público de Meio Ambiente (Abrampa), disse que há mais de duas décadas a sociedade brasileira exige a atuação na defesa do meio ambiente. “Hoje”, afirmou, “o Ministério Público caminha na perspectiva da resolução consensual dos conflitos. O tempo não é aliado na proteção do meio ambiente, pois quanto maior a demora mais os recursos naturais são perdidos”. Ele conclui, afirmando que “o crescimento sustentável se chama desenvolvimento.
Finalizando os debates, a ex-ministra do meio ambiente Izabella Teixeira, acrescentou que temos “50 tons de verde”, portanto, quais os caminhos viáveis? Segundo ela, o grande problema é que “o Brasil não discute o Brasil”)))
*com P.A.Z.= com Pessoas de A a Z, pessoas inteiras, íntegras Ecos do Meio)))
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Sobre o autor: Rose Campos é Jornalista, Palestrante, Oradora e Poeta, na qual, na criação de seu projeto ‘Ecos do Meio’ começou a compor e cantar para sensibilizar e alertar a sociedade sobre a criação e fomento de diálogos e reflexões que gerem ações sustentáveis local e global. Ação Local Gera Ecos))) ecosdomeio@hotmail.com
Graduada em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Metodista e Pós-graduada em Programação Neurolinguística pela Universidade Mogi das Cruzes –Marketing pelo Senac – Oratória Dinâmica, Comunicação Moderna com Fernandes Soares, Webdesigner na atual Universidade Estácio de Sá, Gestão Ambiental pela Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz (Umapaz).
Produtora e Apresentadora do Programa Ecos do Meio – Diretora do Meio Ambiente da Associação Paulista de Imprensa – Cons.do Meio Ambiente da Associação Comercial de São Paulo e fundadora da Comissão Socioambiental da Distrital Sudeste da referida entidade. Foi Conselheira e Secretária do Cades-V.Mariana – Dir. de Serviços Profissionais do Rotary Club International – Planalto Paulista; Conselheira do Conseg (Saúde), Conselheira do Programa Internacional IVE – Imagens e Vozes de Esperança
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