A poluição no planeta e seus efeitos nos negócios, escreve Edison Porto
I Seminário de Descarbonização e Eficiência Energética – Gestão de carbono nas Indústrias
Por Edison Costa Porto
No dia 28 de novembro, um grupo da FIESC Blumenau denominado “Hub de Descarbonização” realizou na unidade do SENAI naquela cidade, um importante encontro de profissionais e representantes de empresas interessadas no tema que é pauta mundial, ou seja, a geração de gases de feito estufa (GEE) e as mudanças climáticas que já afetam a humanidade em todos os continentes.

Foi o “I Seminário de Descarbonização e Eficiência Energética – Gestão de carbono nas Indústrias”com palestras bastante informativas. Participaram representantes de várias empresas e entidades que enriqueceram a reunião, tanto os que foram palestrantes, como os que da plateia levantaram questionamentos e pediram esclarecimentos. Foi uma demonstração clara de real interesse neste assunto que se tornou uma agenda urgente em todo o mundo.
A questão não é mais “Save the Planet” (Salve o Planeta) como desde o século XX muitos movimentos ambientalistas e sociais proclamavam, porque o planeta não precisa ser salvo, mas a humanidade sim.
O planeta não precisa de nós, mas somos nós é quem precisamos dele em condições habitáveis, e são estas condições que nós estamos destruindo, principalmente com a emissão de gases de efeito estufa.

Para simplificar a forma de se referir a essa grave situação, geralmente se menciona o problema como sendo “emissões de carbono”, o CO², em vez de se dizer “emissão de gazes de efeito estufa”, isto porque o carbono é o principal componente destes gases nocivos à nossa atmosfera.
No Seminário, ficou claro que as empresas estão levando muito a sério os preceitos do ESG – Environment Social Governance, ou em português ASG – Ambiental Social e Governança. Elas estão conscientes que deverão buscar maior eficiência energética e redução das suas emissões. Além disso, deverão cobrar o mesmo dos seus fornecedores para não terem problemas na sua participação de mercado, tanto o interno, como também o de exportações. Ou seja, toda a cadeia produtiva terá que buscar sua proteção aprendendo e executando operações que reduzam emissões e aumentem sua eficiência energética, sob pena de não serem aceitos pelos clientes.

Para a regulação do Mercado de Carbono no Brasil, já temos uma Lei que está para ser sancionada. Ela estabelece o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões SBCE, de acordo com o Projeto de Lei 182/2024, que cria o Mercado Regulado de Carbono e dá os contornos para um Mercado Voluntário de Carbono com Compliance (obrigações).
A legislação está definindo obrigações para as empresas conforme faixas de emissões de Gases de Efeito Estufa. Acima de 10.000tCO2e será necessário ter plano de monitoramento, relatório de emissões e de remoções de GEE, bem como outras obrigações futuras. Para empresas emitindo mais de 25.000 tCO2e, além destas obrigações elas terão que fazer relatórios periódicos de conciliação.
Para se comercializar créditos de carbono, é necessário mensurá-los de acordo com métricas reconhecidas, ter esta medida certificada para que se obtenha um documento que corresponde a um título que vale dinheiro e ou moeda de troca com quem precisa de créditos de carbono para compensar suas emissões de gases de efeito estufa.

Em 2024, surgiu a Lux Carbon, a primeira empresa certificadora brasileira oficializada nos últimos meses do ano. Ela vinha sendo formada há cerca de dois anos, e já está oficialmente implantada e habilitada para certificar os créditos de carbono que é o passo definitivo para a comercialização ou utilização destes créditos.
O Sr. Charles Leber, consultor sênior do Instituto Senai de Tecnologia Ambiental, apresentou o o primeiro “I Inventário Setorial GEE de SC”, com comentários sobre a “Gestão do Carbono nas organizações” e a importância de Inovação do Inventário de GEE. É um trabalho que vem sendo desenvolvido para estimular as empresas de todos os portes a conhecerem a sua situação em termos de emissões de GEE, para poderem estabelecer metas e traçar planos para mitigar suas emissões.

A FIESC criou o Hub de Descarbonização com o objetivo de acelerar o processo de descarbonização das indústrias, mas também das cadeias produtivas. As indústrias não estão isoladas e a situação deve ser analisada de uma forma sistêmica, por isso a FIESC trata com o SEBRAE para que possa apoiar as micro e pequenas empresas neste mesmo sentido de conhecer seu inventário e traçar ações de mitigação de emissões. Este polo de descarbonização da FIESC criado há pouco mais de um ano visa a geração de conhecimento, tecnologia, inovação e novos modelos de negócios dentro do contexto mundial da redução de gases de efeito estufa em 50% até 2030 e o chamado “net zero” até 2050.

O tema de emissão de carbono não é mais uma onda, um modismo, mas é uma questão que afeta a vida das empresas, a sustentabilidade, a lucratividade e até mesmo a sua sobrevivência. Empresas de todos os portes e não só industrias precisam estar atentas quanto à sua “gestão de carbono”.
O Dr. Thiago Pamplona da Silva Müller, da Lux Carbon, fez ampla explanação de como o assunto vem sendo tratado e regulamentado na Europa, com crescentes exigências entre as empresas nas relações comerciais que exigem o cumprimento da legislação, portanto um alerta para as empresas brasileiras que exportam para clientes europeus.
Como exemplo deste alerta, o “IBP Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás” em seus posicionamentos informa: “O Carbon Border Adjustment Mechanism (CBAM), ou, Mecanismo de Ajuste Fronteiriço de Carbono, é uma taxação aduaneira referente às emissões de carbono associadas a produtos exportados para a União Europeia (UE). O mecanismo está diretamente relacionado à transição energética, na medida em que visa estimular a redução das emissõe de gases do efeito estufa.”
O Sr. Ricardo Formento fez uma apresentação detalhada das ações em curso na empresa WEG quanto a descarbonização e transição energética, programas que fatalmente a empresa cobrará de seus fornecedores também.
No Seminário foram apresentadas fontes de financiamento para projetos de redução e remoção de GEE, Para conhecer tudo que foi falado neste encontro assista a sua transmissão que ficou gravada no canal do youtube da FIESC:
_____________________

Sobre o autor: Edison Porto, Consultor de Negócios, administrador pela Eaesp/FGV; MBA em Finanças pelo IBMEC-SP, bacharelando em Direito e acadêmico de Jornalismo; Técnico em Agronegócio – SENAR SC; Membro da ACIJO Associação Caçadorense de Imprensa e do Núcleo de Meio Ambiente da ACIC Associação Empresarial de Caçador; Presidente do Conselho Municipal de Turismo 2023/2025 e membro dos Conselhos Municipais de Cultura e do Meio Ambiente. Vice-presidente da OnG de Defesa da Natureza Gato do Mato; Xirú das Falas na diretoria do CTG Estrela dos Pampas. Ocupa a cadeira nº10 da Academia Caçadorense de Música. Editor do Jornal Caboclo. Diretor Conselheiro do Grupo de Teatro Temporá; Detentor da Marca Registrada no INPI: IMPRENAUTAS – Informação e Cultura.
______________________________
P.S.: Os conceitos emitidos por artigos ou por textos assinados e publicados neste jornal são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.
______________________________
Mensagem do editor:
Textos e imagens de propriedade do Jornal Caboclo podem ser reproduzidos de modo parcial, desde que os créditos autorais sejam devidamente citados.
Comuniquem-nos, por favor, de possíveis correções.
_______________________________