“De Professor para Professor”. Por Marcelo da Silva

por Marcelo da Silva

Em minhas andanças pelo país, ministrando palestras sobre a Gestão de Sala de Aula, tenho conversado com muitos professores. Lamentações, anseios e críticas estão sempre entre os principais temas de nossas conversas. O desânimo por parte de muitos, me assusta, professores vivem reclamando de tudo, contando o tempo que falta para acabar o dia, a semana, o mês e os anos para se aposentarem.

Quando uma prefeitura ou colégio me contratam para uma palestra ou curso, procuro conversar com os gestores e entender a realidade de seus alunos e funcionários. O diagnóstico não muda muito, alunos e professores desmotivados, os alunos culpam os professores, que por sua vez culpam os alunos, a família e o governo. O que nunca escutei foi alguém assumir parte da culpa. Pergunto a você professor: – De quem é a culpa? Existe um culpado?

Falar de educação pode parecer fácil, temos inúmeros especialistas que fazem diagnósticos brilhantes no papel. De um lado, temos pedagogos que nunca entraram numa sala de aula e julgam os professores por seus atos. O bom pedagogo deve sempre estar ao lado do professor, auxiliando e incentivando a elaborar projetos em prol de facilitar o processo educativo. Temos em nossa região inúmeros pedagogos brilhantes, que motivam sua equipe e que estão ao lado dos alunos. Porém, temos outros que estão mais para fiscais de professores, ficando felizes quando há algum erro, tendo prazer em apontá-los e em muitos casos poderiam ser evitados. De outro, professores que não preparam suas aulas e suas estratégias. Não é uma regra, mas é cada vez mais comum a falta de planejamento por parte dos professores, com o passar dos anos como educador e a experiência adquirida, muitos se dão ao luxo de não prepararem, ou seja, dão a mesma aula sempre. Não seria justo generalizarmos, pois existem muito professores que se comprometem com o processo e planejam suas aulas e motivando seus alunos.

Um dos culpados apontado pelos professores é a família, ou seja, a falta da presença dela na escola. Aparecem para fazer a matrícula e depois para questionar as notas dos filhos, quando aparecem. Os professores além de passar seus conhecimentos, devem ser psicólogos, pais, amigos e até curandeiros. O governo é outro muito citado como o culpado, seja pela falta de estrutura das escolas, pelo baixo salário ou pela pressão que exerce para não haver reprovação, não que seja a solução, mas a partir do momento que os alunos sabem que não irão reprovar, muitos não farão esforço algum para aprovar.

Enquanto ficarmos apontando os culpados da situação da educação brasileira na atualidade, estaremos fadados a viver nesse caos, onde sempre nos eximimos da culpa, seja você o governo, a família, o professor ou o aluno.

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Sobre o autor: Marcelo da Silva é pedagogo, palestrante e professor de Geografia do Instituto Federal Catarinense – IFC de Fraiburgo; escreve às quintas-feiras no Jornal Caboclo.

P. S. : Os conceitos emitidos por artigos ou por textos assinados e publicados neste jornal são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

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