“O Mensageiro do Contestado partiu…Vicente Telles *1931 +2017” – Por Edison Porto
Trocando as armas pela música e pela escrita, Vicente Telles contou a história do Contestado numa análise pessoal e emocionada de um descendente dos dois lados da Guerra.
Por Edison Porto
Quem foi Vicente Telles muitos ainda falarão, mas quem foi Vicente Telles para mim eu conto agora. A primeira vez que o vi foi no lançamento do maravilhoso documentário Terra Cabocla de Márcia Paraiso e Ralf Cabral Tambke, que aconteceu no dia 22 de setembro de 2015, na Câmara Municipal de Caçador SC. Era a I Semana do Contestado e al
ém do casal de cineastas, falaram sobre os acontecimentos históricos os pesquisadores Júlio Corrente do Museu do Contestado de Caçador e o jornalista João Batista de Calmon SC.
No documentário vi um homem de aparência estranha, usando roupas fora do comum e um gorro a la “David Crocket”, tocava uma sanfona (para um paulista, para os catarinenses, uma gaita) e aparecia na legenda seu nome VICENTE TELLES.
Aquele filme me impressionou muito e várias vezes fui levado às lágrimas ao saber de acontecimentos tão trágicos que vitimou o povo brasileiro daqui do meio oeste catarinense e que nunca ouvira falar. Desde então não parei de aprender sobre o Contestado e de repetir que é uma história que o Brasil não conhece, mas precisa conhecer.
A segunda vez que o vi, foi numa das primeiras apresentações da sua Aquarela Cabocla que compôs com seu filho Vicente de Paula (músico) e sua nora Nancy Lima (cantora). Naquela noite a emoção foi grande e ao contrário do que poderia acontecer, ele provavelmente surpreso com um paulistano tão interessado na história, é quem me entrevistou para o seu programa sobre o Contestado que é levado ao ar aos sábados na Rádio do Contestado do Irani.
Depois disso foram muitas conversas por telefone, até que no dia 05 de agosto deste ano, fui visita-lo para apresenta-lo à Jornalista Rose Campos, do programa Ecos do Meio que fora comigo participar do Encontro da Imprensa Catarinense em Chapecó – SC.
Mais tantas conversas falando de tudo, sobre a história, sobre pessoas, sobre planos dos dois e até mesmo traçando planos conjuntamente, até que o encontrei pela última vez, em sua casa no dia 22 de outubro, por ocasião da celebração do Acordo de Paz entre o Paraná e Santa Catarina depois de 105 anos do famoso Combate do Irani (que será motivo de outro artigo).
Tive a honra de leva-lo ao Ginásio Municipal onde aconteceram as cerimônias e o Vicente com o filho e a nora, fizeram uma emocionante apresentação. Foi a última vez que nos abraçamos, mas não foi a última vez que falamos, pois os planos e as novidades continuaram de parte a parte, por telefone, até duas semanas atrás quando o amigo Carlos Silva da Associação Cultural Coração do Contestado, de Lebon Regis SC, foi visita-lo um encontro que ajudei a coordenar.
Ainda terei muito para falar e mostrar em fotos e filmes sobre este amigo tão querido que partiu agora para ao Astral. Que Deus o tenha, junto com o Monge João Maria de quem tanto falou.
Até breve Vicente!
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Sobre o autor:
Edison Porto, administrador pela Eaesp/FGV, MBA em Finanças pelo IBMEC-SP, bacharelando em Direito e Jornalismo. Membro da Associação dos Amigos do Museu do Contestado de Caçador, da Associação Cultural Coração do Contestado de Lebon Régis e da ACIJO Associação Caçadorense de Imprensa. Ocupa a cadeira nº10 da Academia Caçadorense de Música.
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