Impor, persuadir, convidar, dialogar: a cultura do outro – Por Adelcio Machado dos Santos
Relevante obra de Carlos Rodrigues Brandão – I
Por Adelcio Machado dos Santos
No campo da Ciência, entre antropólogos e sociólogos, reina uma determinada paz, pelo menos uma determinada segurança na abordagem das questões, quando se define o outro, e procura compreendê-lo, sua cultura ou identidade.
Da mesma forma, a Igreja caminha das certezas catequéticas do pretérito para as dúvidas do presente, da mesma forma como acontece com as Ciências Sociais, que vão das convicções científicas do passado para profundas dúvidas, principalmente nas relações entre o simbólico e o social, entre a identidade e a classe, entre a etnia e a afirmação da identidade.
Pergunta-se sempre de que maneira será possível compreender como os outros pensam, sem fazer com que essa confirmação seja deturpada pela aplicação de uma lógica que não é propriamente a lógica desse outro.
Nos derradeiros anos, quando as Ciências Sociais começaram a pesquisar não somente as sociedades primitivas e depois o que os antropólogos denominaram de “sociedades complexas”, com a do ser humano, em momento de otimismo derivado da experiência das ciências físicas, naturais, exatas.
Nesta conjuntura, acreditou-se na possibilidade de alcançar compreensões universais daquilo que acontece na vida social e cultural dos povos antigos, primitivos, ou dos povos ocidentais atuais.
Reputava-se que, destarte, seria possível a um cientista chegar a explicações sobre as próprias leis do funcionamento da sociedade e da cultura, essa resenha pretende abordar de que forma isso aconteceu, de acordo com pensamento de Carlos Rodrigues Brandão, onde esse enaltece a compreensão do outro.
A cultura não é passível de ser reduzida a simples leis ou a princípios fundamentais que a expliquem.
Toda essa realidade social e simbólica só é explicada por si mesma.
Não existe nenhuma sociedade sem religião, sem alguma forma de parentesco, nem que deixe de pautar a conduta de todos os tipos de seus sujeitos, por regras e princípios reguladores.
Todavia, o fato de que isso seja assim, não significa que se possa reduzir aquilo que caracteriza a maneira como uma sociedade se estrutura social e simbolicamente.
No momento em que a própria ciência abandona a ambição de reduzir diferenças a uma generalidade, e generalizar a vida social mediante leis e princípios universais de explicação, começa a aprender que o próprio compreender é um lento desvelar e uma decifração inesgotável.
Sabe-se, na atualidade, de que a Antropologia, por meio de qualquer de suas teorias, não alcança produzir explicações definitivas sobre uma determinada sociedade específica e, menos então, sobre a sociedade humana em geral.
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Sobre o autor:
Adelcio Machado dos Santos: Pós-Doutor pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Especialista em Gestão Educacional, em Psicopedagogia e em Supervisão, Orientação e Administração Escolar; Reitor da Universidade Alto Vale do Rio do Peixe (UNIARP); Advogado (OAB/SC nº 4912), Administrador (CRA/SC nº 21.651) e Jornalista (MTE/SC nº 4155).
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