Sufoco financeiro: suas soluções, escreve Francisco Sacramento
Uma reflexão sobre os desperdícios invisíveis
Por Francisco Sacramento
Quantas e quantas vezes percebemos nas organizações uma intensa preocupação com o uso dos valores recebidos. As pessoas sabem que as vendas ocorreram, que o dinheiro foi depositado, mas não conseguem identificar claramente nem onde, nem como foi utilizado e menos ainda conhecem as armadilhas com as quais ele se defrontou e acabou por desaparecer.
A identificação de seu sumiço ou de seu uso inadequado pode ocorrer a partir da análise de alguns fatores como: Qualidade do planejamento; Visão que se tem do próprio negócio; Inconstância de foco; Desperdícios visíveis e invisíveis; Falta de treinamento; Taxas de juros.
Hoje vamos refletir um pouco sobre desperdícios invisíveis. Desperdícios invisíveis? Sim eles existem e em certo sentido são mais perigosos do que os visíveis porque são menosprezados. Em outras palavras: além das fontes de desperdícios facilmente identificáveis, existem outras que não o são como é o caso daqueles provocados pelos processos decisórios inadequados, por juros pagos, ou pela presença de procedimentos pouco recomendáveis.
A questão do processo decisório deve ser considerada em profundidade, uma vez que, em todos os níveis das organizações, decisões são tomadas a partir de estímulos racionais ou emocionais. Na prática enquanto o estilo racional pode conduzir a bons resultados o, segundo estilo, demonstra claramente a falta de lógica. Ou seja, quando acontece a sustentação emocional, e as decisões são baseadas, muitas vezes na impressão da realidade e não são, suportadas por conhecimentos específicos e bem fundamentadas da realidade, o aparecimento de novas manifestações de desperdícios é favorecido.
Outro aspecto a ser considerado refere-se a prática da qualidade, se cuidados não forem tomados, sua busca pode redundar em resultados inadequados. Avaliação que conduz a algumas questões básicas: Essa postura focada na qualidade está coerente com o que diz e o que se faz? As decisões seguem uma linha de pensamento alinhadas com o todo da organização?
Na prática muitas situações são suportadas pelas sombras da metáfora de Platão. Em “A República”, esse pensador observou que, se pessoas estivessem presas a grilhões, em uma caverna, de tal maneira que pudessem apenas observar a projeção de objetos situados às suas costas, sua interpretação estaria apoiada em sombras, fato que levaria esses indivíduos a concluir que elas eram reais, e, não tendo nenhum outro referencial e conhecimento que não fosse o visível, tirariam conclusões e tomariam decisões suportadas apenas em aparências.
Essa visão parcial das realidades afeta organizações e pessoas e conduz seus participantes à aceitação e convivência, quase que omissa, com diferentes formas de desperdício, representados por investimento em ativos inadequados, pelo pagamento de juros para suprir a falta de capital de giro, pela pressa na tomada de decisão, pela expectativa de um futuro nem sempre bem dimensionado, pela falta de treinamento e desenvolvimento de pessoas. Dessa forma o capital da organização, que é um recurso finito, se esconde e se perde irremediavelmente pelos seus corredores e armários
Ao final fica uma questão: É possível resolver essa situação? Sim! A partir da adoção de uma postura madura, onde trivialidades e lugares comuns não têm significado.
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Sobre o Autor: Francisco Sacramento: Mestre em Administração pela UMSP, Administrador pela FGV/SP. Prof. Universitário, membro da Academia de Letras de Araçariguama a Região. Tem na orquidofilia e na fotografia duas áreas focadas na construção do conhecimento. É autor de textos científicos e artigos publicados em diferentes mídias.
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