Ética Profissional em Tempos de Carnaval, escreve Rose Campos
O respeito ao próximo na era em que a sustentabilidade é necessária
Por Rose Campos
Vivemos em uma época marcada pela hiperexposição e pela proliferação de informações, muitas vezes imprecisas, através das redes sociais e de outras plataformas digitais. Nesse cenário, a ética profissional se torna um pilar ainda mais importante, especialmente em profissões que lidam diretamente com a confiança da sociedade, como o jornalismo e a advocacia.
Todos que me conhecem sabem que cada artigo é uma história, ou seja, fatos colhidos nos “ecos do meio”, que interpreto e procuro trazer à reflexão e à discussão. E esta semana não foi diferente. Fiquei pensativa sobre o que estamos produzindo quando um profissional das áreas mencionadas faz exatamente o que seu código de ética reprova, apenas para ganhar mais exposição nas redes.
Refleti por alguns minutos sobre “para onde caminha a humanidade”, não de uma perspectiva filosófica superficial, mas a partir de um debate genuíno. Precisamos conversar em sala de aula, em rodas de diálogo, com amigos e até familiares sobre ética, um tema que tem sido, aos poucos, desprezado, até cair no anonimato. Poderia, claro, incluir uma vírgula e um sorriso (rsrs) após “anonimato”, mas, diante da seriedade do assunto, o que realmente cabe aqui é uma expressão de indignação e desânimo.
Em 2009, participei, com um grande time de especialistas, da revisão do código de ética jornalística da OAB/SP, e isso apenas me conectou ainda mais com as duas profissões que admiro: a informação e a defesa. Por essa razão, considero importante destacar o que diz o código de ética de ambas:
O Código de Ética dos Jornalistas brasileiros, estabelecido pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), afirma que os profissionais devem buscar a verdade e checar a veracidade das informações antes de publicá-las. Isso é fundamental para combater a disseminação de fake news e garantir que o público receba informações precisas e confiáveis. Da mesma forma, na advocacia, o respeito à confidencialidade é vital. Os jornalistas têm o dever de proteger suas fontes, contribuindo para a liberdade de expressão e mantendo a confiança entre profissionais e informantes.
Na mesma linha, o Código de Ética da OAB estabelece que o advogado deve manter o sigilo de informações recebidas no exercício de sua profissão. Quando essa confidencialidade é rompida, não apenas se prejudica a reputação das partes envolvidas, mas também a integridade do sistema judicial como um todo.
Portanto, na era das fake news, da desinformação e da exposição exagerada, o papel desses profissionais da informação e do direito se torna ainda mais relevante. A disseminação desenfreada de informações fora de contexto ou errôneas pode influenciar a percepção pública e a administração da justiça. Diante disso, é essencial que jornalistas e advogados reafirmem seus compromissos com a ética e estejam cientes das consequências de sua exposição e de qualquer comentário público indevido sobre casos em sigilo judicial ou em andamento.
Infelizmente, alguns deslizes são cometidos por aqueles que deveriam, sempre, ser os primeiros a preservar essa “ética profissional” nas redes sociais. Recentemente, um profissional da área do direito expôs e “julgou” um caso ainda em andamento no Instagram. Em 24 horas, foi oficialmente advertido e a publicação retirada do ar.
Mas vamos nos concentrar na ética.
Com o avanço das tecnologias e das mídias sociais, os desafios relacionados à ética profissional se amplificam. Profissionais, especialmente jornalistas e advogados, frequentemente se veem tentados a compartilhar suas opiniões nas redes sociais. Contudo, é crucial que entendam as implicações disso. A falta de discernimento pode levar a danos irreparáveis, tanto para os clientes quanto para a imagem da profissão.
Lembrando o caso da Escola Base, que destaca a importância de uma cobertura ética e responsável no jornalismo, os danos sofridos pelos envolvidos serviram como um alerta sobre os riscos de uma abordagem alarmista e carecente de informações precisas, enfatizando a necessidade de uma prática jornalística que priorize rigor, responsabilidade e a proteção dos direitos humanos. Este episódio é um lembrete constante de que os ecos de uma ‘exposição midiática errônea’ podem reverberar por gerações.
Portanto, tanto no jornalismo quanto na advocacia, a falta de cuidado em proteger a privacidade de pessoas ou clientes pode resultar em impactos negativos profundos. As vítimas que buscam justiça, muitas vezes, acabam clamando por reparação.
Sendo assim, a educação contínua e o estudo aprofundado das normas éticas são indispensáveis para enfrentar essas questões. Os profissionais devem se atualizar não apenas sobre questões tecnológicas e leis, mas também sobre as melhores práticas em ética profissional, assegurando que suas ações não comprometam a dignidade da profissão.
A Prática Cotidiana da Ética nas Empresas e na Sociedade
A ética deve ser uma prática cotidiana, manifestando-se em atitudes como respeito, transparência e responsabilidade na comunicação. Essas ações são essenciais para criar um ambiente de trabalho que atenda às métricas de sustentabilidade dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS 8) e da ESG (Ambiental, Social e Governança). A incorporação da ética fortalece o pilar social do ESG, promovendo um ambiente mais inclusivo e decente para todos. Além disso, a transparência e a responsabilidade na gestão de informações são fundamentais para uma governança eficaz, contribuindo para a confiança dos stakeholders.
Fiquemos atentos, pois, em um cenário de rápida circulação de informações, a ética profissional protege os direitos dos clientes e a integridade do sistema jurídico. Assim, a responsabilidade pela qualidade das informações é compartilhada entre empresas e a sociedade, exigindo um papel ativo de ambos para garantir transparência, fiscalização e prestação de contas. Essa colaboração é vital para um ambiente saudável e uma sociedade mais justa, além de reduzir a exposição exagerada e irresponsável, que pode atingir até mesmo os profissionais das leis.
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Sobre a Autora: Rose Campos é jornalista ambientalista, pós graduada em neurolinguística. Assessoria e mentoria em comunicação e sustentabilidade, palestrante, escritora, poeta e apresentadora do Programa Ecos do Meio, na Rádio/TV Mega Brasil. É fundadora da Ecos do Meio Comunicação, entidade que tem como objetivo promover diálogos e ações de conscientização sobre as questões socioambientais e o destino correto, assim como sua transformação em arte, do ‘lixo social’. Foi diretora da Associação Paulista de imprensa e Conselheira da ACSP – Associação Comercial de São Paulo por mais de seis anos. Colaboradora do Jornal Caboclo. Contato: ecosdomeio@hotmail.com
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