Lembranças e agradecimentos no Dia das Mães, escreve Edison Porto
Minha mamãe e minhas outras mães de um amor eterno
Por Edison Costa Porto
Saudades da Dona Célia, minha amada mãezinha. Ela sempre se referia à minha avó Rosa, como mamãe! Um dia, quando eu tinha 12 anos mais ou menos, estava com ela numa loja de bairro em São Paulo e a chamei de “mamãe”. Logo depois, percebi que a vendedora comentou com ela: “Que bonito seu filho a chamar de mamãe”.


Eu estava distraído com alguma mercadoria da loja, mas ao ouvir o comentário e olhei para minha mamãe que tinha os olhos brilhando com um lindo sorriso! Um momento simples, mas que ficou pra sempre em minha mente, uma demonstração tão singela de amor que nos unia e continua unindo por toda a eternidade. Como eram boas nossas brincadeiras, quanta coisa minha mãe me ensinou!
Mamãe! Há alguns dias minha irmãzinha, Celia Maria, veio de SP me visitar em Caçador, aproveitei sua presença em casa para pedir que ela explicasse para a Mônica algumas das receitas da “Dona Célia”. Ontem a Mônica fez a “Lasanha da Mamãe”, com mussarela, parmesão, presunto, ovos e pomarola, uma iguaria todos nós gostávamos, filhos, primos e nossos amigos que vinham para os almoços de domingo. Foi muito bom sentir a Senhora sorrindo por aqui. Gratidão e Amor eterno Dona Célia, minha mamãe e querida Tia Célia para meus primos (Celina Costa Porto in memoriam).
A vovó Rosa da Silva Costa também foi uma mãezona para mim e para meus primos. Tenho a vívida lembrança da banana amassada com aveia e mel que ela fazia para mim. Lembro-me dos medicamentos que ela tinha na cabeceira, melhoral, cibalena, comel e buscopan. Achava esquisito o costume de guardar dinheiro no sutiã, costume que passou para a mamãe… rs.
Vovó tinha olhos azuis e sempre usava coque nos cabelos grisalhos. Eu só vi como eram compridos nos últimos anos de sua vida, quando veio morar conosco. Dormíamos no mesmo quarto e à noite ela soltava os cabelos, era como um segredo que se desvendava à noite.
Um dia entrevistei a vovó Rosa que me disse que a avó dela foi pega a laço. Uma curiosidade que tive a vida inteira até que em 2020 fiz um exame de DNA e tive certeza desta mistura já que tenho 8% de indígena da Amazônia à Patagonia em meu DNA.
Como vovó nasceu em 1889 eu sempre curioso, perguntei se ela lembrava alguma coisa relativa à escravidão, ele comentou que as mulheres negras quando se aproximavam dela diziam: “A benção Sinhazinha!”. Hoje sei que é uma triste história, mas na época era apenas uma curiosidade histórica para uma criança.
Não conheci minha outra avó, a italiana Raphaela Langhana, de Nápoles, mas sou grato à ela pela formação espetacular que deu ao seu filho, meu pai, um homem muito bom. Ao que me contaram vovó Raphaela foi uma mãe especial, enviuvou logo após o nascimento do meu pai e teve a coragem de emigrar com oito filhos de São Simão, no norte de São Paulo, para o oeste do Estado, buscando melhores condições para criar a sua penca de filhos, como descreveu num livro, o autor e advogado Altino Bondesan.

Tia Dirce, na verdade tia Adilsen Costa, que ontem completou 93 anos, foi outra mãezona. Como ela só teve filhos depois dos 40 anos, quando eu já estava com 17 anos, eu creio que por isso, eu e minha irmã Celinha em nossa infância éramos como filhos para ela e para o Tio Oséias que eram nossos vizinhos. Sempre que eu aprontava alguma coisa e meus pais queriam me pegar para um corretivo, eu corria para a casa da Tia Dirce e me escondia até embaixo da cama dela! Ela e o tio sempre me trataram com muito carinho, contavam muitas histórias, faziam muitas brincadeiras. Gratidão à Tia Dirce que também foi uma mãe para mim.

Tia Maria da Silva Costa, hoje também com 93 anos, sempre morou por perto de nós e, desde que se casou com o irmão da minha mãe, tio Odil, teve minha avó Rosa morando em sua casa. Vovó só se mudou para minha casa só no final da vida.

Passei minha infância com muitas idas à casa da Tia Maria, tanto para ver a vovó, como também para brincar com o Carlinhos, meu primo Carlos Alberto da Silva Costa que é apenas 9 meses mais novo do que eu. Muitas vezes brinquei com o Tio Odil dizendo que ao visitarem minha mãe quando eu nasci, ficaram animados e, ao voltar para casa fizeram meu primo Carlos!

Na casa da Tia Maria o jardim sempre tinha flores e folhagens que até hoje me trazem lembranças quando vejo os mesmos tipos de plantas. Nas suas floreira eu brincava com o Carlinhos mexendo com caramujos e “tatuzinhos”, mordendo as azedinhas (acho frutinhas de trevos).

Há uma passagem de uma traquinagem minha e do Carlos bem marcante. Quando a acompanhávamos em compras numa Feira Livre, eu tive uma verdadeira lição inesquecível. Ela distraída comprando laranjas, não via que nós jogávamos outras laranjas em sua sacola. Quando ela foi pagar, notou que a sacola já estava cheia. Nossa! Que vergonha quando ela virou a sacola de volta na Banca e nos passou um pito. Não tinha consciência do meu ato, era apenas uma molecagem, mas nunca mais em minha vida “afanei” qualquer coisa! Tia Maria, que alguns chamavam de “Marininha” foi uma mãezona que sempre me tratou com muito carinho. Tia Maria se aprofundou em estudos da espiritualidade o que nos rende boas conversas, já que também sou um eterno estudante como os rosa-cruzes se definem.
Outras quatro mãezonas da minha vida foram a minha ex-esposa Takako Ishii Porto, a quem devo muito aprendizado e três filhos. A minha esposa atual, Mônica Raquel Haymussi, a quem devo também bons aprendizados e um filho. A mãe da Takako, minha saudosa sogra Mitsuko Ishii, que apesar da não aprovação inicial que sua filha se casasse com um ocidental, acabou conhecendo meu “lado japonês” e me amou muito. Como era bom quando ela vinha fazer uma massagem em minhas costas com batidas com as mãos. E, também, a mãe da Mônica, minha saudosa sogra Amélia Busato, com quem me divertia com as confusões que causávamos porque meu bigode branco ornava com seus cabelos brancos e geralmente eu passava por marido dela.
Assim, posso dizer que além da minha amada mamãe que me deu a vida, tenho mais seis mulheres que em muitos momentos fizeram o papel de mãe e as amei e amo como tal.
À todas as mamães muitas felicidades e parabéns pelo Dia das Mães.
Obs.: A foto de capa é de um dos poucos documentos antigos da minha origem, um Salvo Conduto da Vovó Rosa.
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Sobre o autor: Edison Porto, Consultor de Negócios, administrador pela Eaesp/FGV; MBA em Finanças pelo IBMEC-SP, bacharelando em Direito e acadêmico de Jornalismo; Técnico em Agronegócio – SENAR SC; Membro da ACIJO Associação Caçadorense de Imprensa e do Núcleo de Meio Ambiente da ACIC Associação Empresarial de Caçador; Presidente do Conselho Municipal de Turismo 2023/2025 e membro dos Conselhos Municipais de Cultura e do Meio Ambiente. Vice-presidente da OSCIP de Defesa da Natureza Gato do Mato; Xirú das Falas na diretoria do CTG Estrela dos Pampas. Ocupa a cadeira nº10 da Academia Caçadorense de Música. Editor do Jornal Caboclo. Detentor da Marca Registrada no INPI: IMPRENAUTAS – Informação e Cultura.
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