Jornal Caboclo

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Colunas e Opinião

“Crise na Venezuela: Mídia globalista x Regime bolivariano”. Por Douglas Torraca

Douglas Torraca

por Douglas Torraca

Uma pergunta que não quer calar: “por que a mídia mundial faz uma campanha sistemática, diuturna, implacável contra o regime bolivariano?”

Afinal de contas, supondo que seja um regime tacanho, não é o primeiro e nem tampouco será o último no mundo, e nunca houve tamanho bafafá. Enfim, o que rola nos bastidores?

“A Revolução não será televisionada” é o documentário de 2002 que explica na perfeição o que realmente acontece naquele país. Quem não ver este documentário não possui autoridade nenhuma para falar o que seja sobre a Venezuela.

 

É visível que Hugo Chávez enfrentou tentativas de golpe de Estado, locautes patronais criminosos, sabotagem financeira internacional e uma campanha de ódio midiático extremamente virulenta. Ao longo de seu governo, inúmeras vezes jornalistas pediam, ao vivo, a prisão de Chávez. E há os que dizem que sob seu governo não havia “liberdade de expressão”…

Os resultados, porém, foram inegáveis e irrefutáveis. Em pouco mais de 10 anos de governo Chávez, em comparação com o período que o precedeu:

* A renda per capita foi multiplicada em quase 4 vezes;

* A população abaixo do umbral de pobreza caiu de 50% para 28%;

* O desemprego caiu de um dos níveis mais altos no continente (15%) para 8%, na média;

* Houve queda na mortalidade infantil, aumento na expectativa de vida;

* A dívida externa caiu de 50% do PIB para 38%;

* A inflação caiu de 100% para 30%, nível mais baixo desde os anos 80;

* O coeficiente Gini, que avalia a desigualdade socioeconômica caiu de 0,487 para 0,380.

Em seu governo, Chávez não renovou a concessão da RCTV e criou o canal estatal TeleSur. Ou seja, mexeu no monopólio midiático e decidiu comprar a briga da informação e contrainformação. Isso é a pior coisa que pode acontecer, aos olhos da mídia colonizada pelos veículos de imprensa estrangeiros, que apenas fazem o repasse das informações, de forma que formate a opinião interna do país de acordo com os interesses globalistas.

Na Argentina, por exemplo, o Grupo Clarín massacrou o quanto pode o governo de Cristina Kirchner pela mesma razão: a lei dos meios de comunicação, que desmanchou os oligopólios naquele país (vide a promoção do programa estatal Fútbol Para Todos).

O governo Kirchner democratizou as transmissões do futebol e tirou este monopólio das mãos do Clarín, que não só detinha os direitos de transmissão como proibia os demais veículos de reprisar sequer os melhores momentos e gols da primeira divisão antes de serem exibidos pelo seu tradicional programa dominical, bem como também os jogos só eram televisionados em canais pagos (outro setor com forte presença do Clarín).

No Brasil, as famílias que controlam estes meios de comunicação odeiam esses governos com forte tendência socialista (Chávez, Kirchner, etc.) por isso. Não admitem que essas decisões sirvam de exemplo para governos brasileiros. Lula e Dilma não quiseram mexer nesse vespeiro achando que iriam ser poupados, mas a Globo preferiu trabalhar para se livrar da suposta “ameaça”.

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Sobre o autor: Douglas Torraca é jornalista, colorado e escritor; e colaborador do Jornal Caboclo.

P. S. : Os conceitos emitidos por artigos ou por textos assinados e publicados neste jornal são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

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