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A arte solar e contestadora de Varne Acosta Abrão – Por Viviane Tavares

Sobre um artista e sua arte 

Por Viviane Tavares

Dizem que a beleza está nos olhos de quem vê. E a beleza da arte está em ver o mundo através dos olhos e da alma do artista.

Eu me encantei com a telas de Varne Acosta Abrão desde a primeira vez que as vi, mas só recentemente o conheci pessoalmente e tive o prazer de compartilhar horas de uma conversa muito agradável e enriquecedora.

Nascido em São Paulo (SP) em 1939, este artista contestador e inquieto mudou-se, em 1975, para Valença, na Bahia, onde iniciou sua jornada nas artes plásticas, na década de 1980. Muitas de suas obras refletem essa vivência próxima ao mar.

“Iniciei meu trabalho como artista plástico quando além da minha necessidade expressiva, recebi alguns reconhecimentos oficiais como prêmios da Fundação Cultural da Bahia, por obras selecionadas.”

O artista pintou por 10 anos para a Galeria Prova do Artista, em Salvador (BA). Suas obras compunham um acervo junto a nomes como Carybé, que ele conheceu pessoalmente, e Cícero Dias, entre outros, e hoje são por volta de mil obras espalhadas pelo mundo.

Atualmente mora, cria e expõe suas obras expressionistas, cheias de cores vivas e vibrantes, no Lar Padre Euclides, em Ribeirão Preto (SP).

“Minhas principais influências são os pintores modernistas contemporâneos , como Gauguin, Matisse, Picasso e todos os incendiários fovistas (*), como Derain e Vlamink e dos expressionistas alemães que de forma mais sombria e abandonando os rigores do academismo, libertaram o fazer artístico da estreiteza do olhar impressionista, exaltando sobretudo sua identidade e genialidade.”

Recentemente se inscreveu para Bienal Naïf, que acontecerá em Agosto, na cidade de Piracicaba (SP), com duas obras: “Folia de Reis” e “Café

da Manhã”, que remetem à pintura primitiva, uma arte instintiva, sem preocupação com proporções, sem orientação acadêmica que exterioriza a percepção do artista sobre o mundo de maneira criativa e espontânea.

“Não procuro saber o que os outros acham do meu trabalho, faço o que agrada a mim mesmo, se agradar aos outros, melhor, mas a princípio tem que agradar ao artista”.

Varne é a antítese de todo o universo de pessoas homogêneas em padrões e convenções. Aos 79 anos é uma mente inquieta, que se expressa por meio de sua arte única e solar.

Todo esse espírito transgressor do artista está explícito no conjunto de obras denominada  “Os excluídos“, dessas a mais instigante é “O Algoz e Seus Lacaios”. Elas serão expostas na “Semana de Portinari” em agosto, na cidade de Brodowski (SP).  Elas imprimem questionamentos em relação à religiosidade. São provocativas e, inevitavelmente, levam o expectador à reflexão. Recomendo.

 

 

 

 

 

 

Folia de Reis
Café da Manhã

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(*) Para saber mais sobre a arte fovista visite: https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-seculo-20/fovismo/

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Sobre o autor:

Viviane Tavares: Nascida em Orlândia SP, residente em Ribeirão Preto SP, administradora, empreendedora e apaixonada por artes.

P.S.: Os conceitos emitidos por artigos ou por textos assinados e publicados neste jornal são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

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