Terapia de Casal, escreve Zé Figueiredo
No passado, o casamento era um laço de união praticamente indissolúvel, depois de unidos em matrimônio, o casal jamais poderia cortar esse relacionamento quase divino. Nem o filho concebido fora do casamento poderia ser reconhecido. Tudo para que não houvesse qualquer ranhura naquela união.
Digo isso porque assino uma revista semanal que quero cancelar, e enquanto conversava com a gentil atendente do setor de assinaturas da produtora da revista, ao me deparar com as dificuldades que iam aparecendo num diálogo amigável, mas tenso, fiz em pensamento um paralelo com o casamento, já que comecei a perceber que ao assinar aquele papel com a editora, havia na verdade me casado com a revista.
Assim em devaneio, explico que não dá mais, o nosso relacionamento está desgastado, que não sou o mesmo cara de três anos atrás, os interesses mudam, embora você continue elegante, digo elogiando a revista. Ela por sua vez diz que é tudo mentira o que digo, que meu argumento é pobre e irreal, que ela ainda gosta de mim e valoriza nosso relacionamento.
Continuo dizendo que não gosto muito de política, acho chato ficar conversando sobre escândalos toda semana, que ela parece um disco arranhado, não tem outro papo. Ela diz que não sou politizado, mas que fala sim de ciência e algumas notas sociais e ainda por cima conta para mim todas as suas entrevistas, que poderiam ser particulares, mas que não, são partilhadas comigo. Tudo por amor.
Rebato que seus entrevistados são chatos, metidos, falam muito e não dizem nada. Para falar o óbvio não é preciso abrir a boca. E aquele negócio de ficar comentando sobre presunto Sadia, Delrio lingerie#eu quero eu posso, Ultrafarma.con, Life Vivara, Hstern, Boston Medical Group…? Isso é ou não é um papo superficial? Nem tudo na vida é dinheiro minha querida, arremato com ironia.
Ela responde dizendo que tudo que ela faz é por mim, para melhorar o nosso relacionamento, para que ele seja culto e duradouro, mas parece que de nada adianta muita informação em uma cabeça dura como a minha, que ela é uma pérola jogada aos porcos, ou ao porco (que sou eu).
Com isso, acordo do breve sonho e percebo que nos dias atuais é mais fácil desfazer uma união matrimonial, do que se separar de uma revista. E como, quando nada dá certo em um relacionamento é indicado um terapeuta de casal, vou procurar o Procon.
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SOBRE O AUTOR: Zé Figueiredo (José Geraldo C. Figueiredo), Graduado em Ciências Sociais e Jurídicas – Advogado Pós-Graduado em Direito Processual Civil; Graduado em Química Industrial- Químico Responsável da Cervejaria Casabranquense Ltda – Red Door;
Colunista do Jornal Casa Branca, Estado de São Paulo e do Jornal Caboclo do Estado de Santa Catarina.
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