Jornal Caboclo

da região do Contestado, SC

Colunas e Opinião

Respondendo à reflexão de um jovem amigo, escreve Edison Porto

Experiência não se repassa, mas a energia que vem dela sim.

Por Edison Porto

É comum ao ser humano se questionar sobre sua vida, o que fez, o que deixou de fazer, o que poderia ser diferente. É comum a pessoa se subestimar, em geral achamos que somos menos do que somos de verdade, seja em capacidade intelectual, seja na aparência física. Em geral a nossa autocrítica é exagerada, e é aí que entram os amigos, as pessoas que nos amam, para com um olhar sincero, nos mostrarem o que não conseguimos enxergar sozinhos.

Assim como você meu amigo, por três décadas, fez escolhas e tomou caminhos que poderiam ser diferentes, eu o fiz por seis décadas. Graças a Deus, tivemos o livre arbítrio para fazermos nossas escolhas e as continuamos fazendo. Nossas escolhas são feitas no calor do momento, conforme o entendimento e as condições que temos quando as fazemos. Foi assim no passado, é assim hoje, e, será assim no futuro.

Suponho que fora do corpo, num mundo astral, noutra dimensão, a variável tempo possa não existir. Mas aqui e agora, temos um corpo e vivemos num mundo material sujeito à esta variável, onde tudo que nasce, um dia perece. Daí, com o passar do tempo, com os cabelos caindo, as rugas surgindo as marcas de expressão tomando forma, nos questionamos: Fiz certo? Poderia ter sido melhor?

Questões na verdade fúteis e sem sentido, porque o que passou já foi. O passado é apenas uma referência de aprendizado, não é para ser questionado, mas para ser observado com orgulho. Se foi bom, que ótimo! Se foi ruim, que ótimo também|! Já foi, não é? Se você não fez diferente, é porque se tivesse feito, não estaria agora onde está, simples assim. Não há culpa, não há falhas! Há apenas o momento presente.

Não o vejo conformado, estagnado, nem com medo do novo. E Deus não tem culpa de nada, porque não existe “Destino”, como uma carga pesada pela qual se tenha de passar. Destino é apenas uma teia de probabilidades onde nada é predeterminado, tudo depende das decisões de todos e, às vezes é bom se largar nas ondas da vida, ao estilo do pagodeiro famoso…, outras vezes é bom comandar a surfada nestas ondas…são as circunstâncias e o nosso conhecimento que nos darão a chance de escolher entre se largar, ou segurar firme nas rédeas do Caminho.

Não se pode olhar para trás como a bíblica Sara que virou estátua de sal. Olhar para trás para ficar deprimido, com melancolia, saudades e tristeza, é alimentar o “dianho” para aí sim: esfacelar nossa esperança!

E aí você pergunta: “será que devemos mudar?”. E eu respondo: Claro! É impossível não mudar, somos seres pensantes com o dom do raciocínio e aprendizado constante, a cada segundo nosso cérebro processa milhões de informações e, de forma consciente, ou não, nós mudamos sempre, evoluindo!

Você, eu, e qualquer pessoa nalgum momento se pergunta: “Por que comigo não deu certo?” “Será que é tarde?” – Mas são perguntas retóricas, não exigem uma resposta, porque a resposta é continuar vivendo, porque nunca é tarde para nada, e por mais que a gente pense que alguma coisa não deu certo, na verdade deu muito certo, tanto que fazemos a pergunta, numa avaliação que nos empurra pra frente com o sentimento de que hoje sou melhor do que fui ontem! Mas tenha certeza querido amigo, hoje você é pior do que será amanhã, você é um ser em contínua evolução, Graças a Deus!

Foto de Capa:  Van Pires na casa do gaiteiro, escritor, pesquisador, Vicente Telles

O final do dia, escreveu Van Pires

O final de um dia pode revelar a carga que você suportou durante as horas que você necessitou estar em atividade. O final do dia de hoje faz refletir que um dia após o outro se passou e, assim, anos e décadas das nossas vidas ficaram no passado. 
Por que eu não aproveitei? Não sei, eu tentei, com a maturidade de hoje, percebo que fiz escolhas, ou tomei caminhos que queria que tivessem sido diferentes.
Hoje, com mais experiência de vida, sei que poderia ter tido outras oportunidades, mas não pensei nelas quando deveria ter pensado. Olho para o que dizem sucesso e não vejo da mesma forma, só vejo que continuo me esforçando e as vezes não vejo objetivo pra isso. Posso ser o melhor em notas da turma, posso ser aquele que é assíduo no trabalho através de um processo mecânico e humano que me torna uma pessoa previsível, robotizada, metódica e obsoleta. Não realizei sonhos e já foram 3 décadas… Não sei se é tarde, mas os cabelos já estão caindo, as rugas e linhas de expressão estão aparecendo e aumentando, a disposição e adrenalina diminuindo, e a memória falhando. Aí eu me pergunto “por que não fiz diferente?”


O senso de conformismo, a estagnação e o medo do novo, fazem responder que as coisas são do jeito que nosso destino quer que elas sejam. As vezes colocamos a culpa em Deus. A verdade é que nem sempre as oportunidades aparecem para você no momento que elas têm de aparecer. As vezes nem aparecem, mas você continua vivo e precisa seguir, mesmo sem muito ímpeto, o que o faz viver estilo a música interpretada por Zeca Pagodinho, que deixa a vida me levar. 
Quando olhamos para o passado e percebemos que nosso presente não teve a concretização das coisas que se almejava, nos deparamos com um misto de sentimentos que envolve arrependimento, nostalgia e esperança esfacelada. E restam as incertezas do futuro e as dúvidas do presente de que “será que devemos mudar?” “Por que comigo não deu certo?” “Será que é tarde?” Isso significa que você viveu e você vive. As respostas o tempo dirá.

Nota do Editor: Artigo também publicado na rede Linkedin: https://www.linkedin.com/pulse/respondendo-%25C3%25A0-reflex%25C3%25A3o-de-um-jovem-amigo-escreve-edison-edison-porto

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Sobre o autor: Edison Costa Porto, administrador pela Eaesp/FGV, MBA em Finanças pelo IBMEC-SP, bacharelando em Direito e Jornalismo. Técnico em Agronegócio pelo SENAR/Fraiburgo SC; Membro da Associação dos Amigos do Museu do Contestado de Caçador, da Associação Cultural Coração do Contestado de Lebon Régis, da ACIJO  Associação Caçadorense de Imprensa, do Núcleo de Comunicações da ACIC Caçador. Ocupa a cadeira nº10 da Academia Caçadorense de Música. Editor do Jornal Caboclo.

P.S.: Os conceitos emitidos por artigos ou por textos assinados e publicados neste jornal são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

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