Jornal Caboclo

da região do Contestado, SC

Colunas e Opinião

Refugiados são seres humanos que merecem uma vida digna, escreve Luiza Bortoluzzi Casali

Como lidar com os Refugiados no Brasil?

Por Luiza Bortoluzzi Casali

Migração é um fenômeno humano que sempre existiu ao longo da história. Em geral, as pessoas são motivadas a deslocar-se pela busca de melhores condições de vida. Refugiados, de acordo com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), são “as pessoas obrigadas a deixar seu país devido a conflitos armados, violência generalizada e violação massiva dos direitos humanos”. Nos últimos anos, o Brasil tem recebido migrantes provenientes da Venezuela, cujo Governo não tem garantido os direitos humanos básicos e a segurança física da população, que vive em meio à escassez de itens básicos, violência e tensão política.

Segundo a ONU, mais de 414 mil venezuelanos pediram refúgio ao Brasil desde 2014. É um número alarmante, considerando que grande parte dos refugiados, após entrar no território nacional, se concentra nos estados do Norte, principalmente em Roraima. Em média, entre 150 e 200 venezuelanos passam por dia pelo Centro de Recepção e Registro em Pacaraima (RR), na fronteira do Brasil com a Venezuela. As crises política, econômica e humanitária são os motivos do crescimento do fluxo migratório, que gera desafios para o Governo e povo brasileiros.

Uma das principais dificuldades encontradas diz respeito às condições de vida dos refugiados que são, muitas vezes, precárias. Boa Vista, em 2018, já havia recebido cerca de 40.000 venezuelanos, ou seja, mais de 10% do total de habitantes da cidade. O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) constatou que não há abrigos suficientes no estado de Roraima. “Quem tem feito o acolhimento e oferecido atenção necessária a esses imigrantes é a sociedade civil”, disse o procurador federal dos Direitos do Cidadão, João Akira Omoto. O Governo Federal, com o apoio da ONU, realiza um programa de interiorização com o objetivo de ajudar os refugiados a encontrar melhores condições de vida em outros estados do Brasil. Em 2018, de acordo com a ACNUR, quatro mil venezuelanos participaram do programa e eles recebem CPF, carteira de trabalho e vacinas.

Também é importante ressaltar o quadro de xenofobia. Após quatro venezuelanos supostamente terem cometido um crime em Pacaraima (RR), um grupo de brasileiros atacou acampamentos improvisados de refugiados. Depois disso, 1.200 venezuelanos foram expulsos da cidade. A notícia foi veiculada pelo jornal El País. Considero que o ocorrido é fruto da generalização de que todos eram criminosos, o que levou ao sofrimento de pessoas que estavam na condição de refugiados e provinham do mesmo país, porém não tinham nenhuma ligação com o suposto crime. É claro que, inicialmente, há dificuldades de integração, sobretudo no que diz respeito ao idioma e aos costumes, mas é possível vencê-las com diálogo e empatia. Devemos lembrar que a violência nunca é a resposta.

Levando em consideração todos os aspectos evidenciados anteriormente, concluo que existem grandes obstáculos para a integração dos venezuelanos ao Brasil, mas que podemos superá-los com esforços coletivos para garantir seus direitos básicos e ajudá-los na adaptação ao país. O grande número de refugiados é um fator preocupante que merece a devida atenção das autoridades e cabe à sociedade civil reconhecê-los enquanto seres humanos que merecem uma vida digna.

Nota do Editor: Foto de Capa de Andrielli Zambonin. Para saber mais sobre o tema leia sua matéria em no Jornal Extra de Caçador SC: http://www.jornalextrasc.com.br/noticias/detalhes/para-defender-minha-familia-eu-vou-lutar-sempre-afirma-venezuelana-em-cacador-2862

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Sobre o Autor: Luiza Bortoluzzi Casali, aluna do 3º Ano do Curso Técnico Integrado em Administração do Instituto Federal de Santa Catarina – campus Caçador – tem como orientador o Prof. de Português do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, Ms. Ricardo de Campos

P.S. : Os conceitos emitidos por artigos ou por textos assinados e publicados neste jornal são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

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