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Bocha –  Atleta de Serra Alta é destaque nacional, escreve Patrick Eduardo Boff

Paulo Cezar Bittarello ficou entre os 48 melhores atletas do país

Por Patrick Eduardo Boff

Paulo Cezar Bittarello

A prática da Bocha rolada e da bocha 48 é muito comum em nossa região devido a colonização italiana. O esporte surgiu no Império Romano, quando era praticado com o nome de “boccie”, sendo que durante a expansão do Império essa modalidade foi sendo levada pelos exércitos de ocupação a todos os povos por eles dominados. Entre os anos de 1300 a 1500, a modalidade foi se espalhando por toda a Europa em países como: França, Itália, Espanha, Portugal, Inglaterra e Alemanha.

O morador de Serra Alta, Paulo Cezar Bittarello, de 51 anos, pratica o esporte desde os seus 17 anos de idade. De acordo com o atleta, ele começou a praticar essa modalidade e foi ganhando paixão pelo esporte. Segundo o atleta, em sua adolescência ele também praticava o futebol e outros esportes. “Eu alternava entre o futebol e a bocha. Joguei futebol até que o corpo aguentou. Como a bocha não precisa de um esforço físico muito grande, atualmente pratico somente essa modalidade. É claro que não jogo direto, mas nas brincadeiras com os amigos, campeonatos regionais, torneios, grupos de casais, competições aqui ou ali, estou envolvido no esporte”, diz.

O atleta lembra que ganhou gosto pelo esporte aos 16 anos de idade, mas como ainda era menor de idade ele não podia praticar a modalidade. O primeiro contato com o esporte foi em Águas Frias. Paulo é natural de Nova Erechim, e morava na Linha Bittarello, no interior do município. Na época, Paulo saia para trabalhar em Águas Frias, passando todos os dias em frente a um barzinho que tinha um bolão e uma pequena cancha de bocha.

No estabelecimento Paulo se encontrava com os amigos nos fins de tarde e alguns finais de semana. O atleta lembra que teve o seu primeiro contato com o esporte através do seu irmão que o convidou para assistir uma partida. “Lembro que era uma sexta-feira, meu irmão Luiz Carlos que morava em Águas Frias me convidou para ir junto. Ali eles jogaram duas ou três partidas de bocha e eu assistindo. Depois sentaram-se para conversar e tomar mais umas cervejas, então entrei na cancha e pensei: Vou jogar umas bochas para ver se levo jeito”, lembra.

De acordo com Paulo, a primeira vez que praticou a modalidade foi inesquecível. Ele conta que neste dia estava no bar vários amigos e conhecidos. Muitas dessas pessoas observam a maneira que o atleta praticava o esporte. “Lembro que o Valdemar Maito, entrou na cancha e posicionava as bochas só para que eu pudesse atirar. Então depois de alguns minutos ele me disse: Você vai jogar conosco de hoje em diante. A partir daí iniciou minha trajetória, eles tinham na época um grupo de 15 amigos que jogavam ao menos uma vez por mês amistosos na região. No final de cada partida nos reuniamos e faziamos um   churrasco com os amigos”, comenta.

Segundo Paulo, o seu início no esporte não foi fácil devido ele não ter muita experiência. O atleta também salienta que a bocha não era o seu esporte habitual. “Quando eu podia eu ia jogar bocha, porque meu esporte na época era futebol. Só que para um jovem jogar no meio dos mais experientes era um desafio. Eu tinha que ter alguém me orientando, dando as dicas, e não era fácil. Quem me ensinou a ter calma, concentração, não cair no grito da torcida ou do adversário, foi o Guerino Daga”, pontua.

Já dentro da modalidade, Paulo teve várias conquistas. O atleta diz que o maior troféu que ganhou dentro do esporte foi as amizades que construiu e conquistou ao longo desses anos.  De acordo com Paulo, para você ter verdadeiros amigos é preciso ter o respeito é também saber respeitar, ter educação, humildade, ser parceiro, sincero, honesto, participativo. “Isso eu considero as minhas maiores conquistas, mas é claro que tive ao longos desses anos muitos títulos municipais, microrregionais, regionais e outros de maior relevância, mas isso considero como consequências da minha evolução pessoal e da coletividade de equipe. Sozinho ninguém conquista nada”, salienta.

Em uma importante competição nacional de bocha que reuniu vários atletas importantes de todo o país, Paulo jogou o campeonato que teve mais de 600 atletas, e contava com seletivas de 192 classificados para a etapa final. Paulo terminou a competição entre os 48 melhores do Brasil. Para ele foi uma experiência incrível de muito aprendizado, com diversos atletas profissionais competindo, outros com todo apoio financeiro e incentivos administrativos, que praticam todo o dia.

Dentro deste cenário, avalia sua participação como positiva pra um jogador amador, sem nenhum recurso e apoio financeiro, com tempo muito limitado para treinar. Ele tem ciência que poderia ter obtido uma melhor classificação, mas nem sempre é possível desempenhar todo o potencial. “Não estava competindo, tinha todos os demais colegas, amigos na modalidade ali com o mesmo objetivo, tentar chegar o mais longe possível no torneio. Para mim, tá de bom tamanho. Vou me dedicar um pouco mais, e quem sabe numa próxima, poder chegar um pouco mais longe”, explica.

Paulo diz que o seu maior sonho no esporte é poder ver um dia a modalidade ser reconhecida e valorizada  mundialmente. O atleta destaca que muitas pessoas não conhecem a prática da bocha e que é preciso criar, e dar oportunidades a todas as modalidades esportivas. Paulo afirma que muitos competidores que saem para disputar os campeonatos fora de seus municípios muitas vezes tem que investir do  próprio bolso, e muitos não têm condições financeiras, mas praticam o esporte pelo amor à modalidade. “Podemos contar nos dedos os atletas profissionais de nossa região, os demais são amadores, trabalhadores, assalariados, que quando participam de alguma competição é pelo amor que eles têm pelo esporte. Muita coisa está mudando, enquanto isso, continuo sonhando”, afirma.

O atleta defende que a bocha deveria ter escolinhas para formação de novos atletas, e também ter recursos destinados à modalidade, mas isso não ocorre. “Vejo tantos amigos, atletas de nossa região que gostam, que jogam muito bem, que poderiam estar participando dessas grandes competições, junto com os melhores, mas que não tem incentivo algum. Não falo aqui só dos homens, incluo as mulheres também. Não somos valorizados”,

Nessa última semana a bocha foi reconhecida como modalidade olímpica. Segundo Paulo a inclusão do esporte nas olimpíadas é uma grande e importante conquista para os praticantes amadores que vão querer se dedicar ao esporte. “Um pouquinho do meu sonho já começou a se realizar. Devemos sim buscar o nosso espaço, o nosso reconhecimento, os nossos objetivos, os nossos sonhos, mas com respeito, com humildade, educação, com diálogo, compreensão, dedicação e muita persistência. Esse esporte nos ensina que na derrota aprendemos a valorizar a vitória, e nos momentos difíceis e de provações que nos tornamos fortes”, finaliza.

Nota do Editor: Este artigo foi originalmente publicado no jornal A Sua Voz, de Pinhalzinho, SC, em 08 de março de 2023

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Sobre o Autor: Patrick Eduardo Boff, formando em Jornalismo na Unochapecó – Universidade Comunitária da Região de Chapecó e acadêmico de História na Universidade Federal da Fronteira Sul. Atuando como jornalista do Grupo A Sua Voz de Pinhalzinho, SC Inspirador do Grupo Imprenautas – Informação e Cutlura (www.imprenautas.com.br), e colcaborador deste Jornal Caboclo.

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P.S.: Os conceitos emitidos por artigos ou por textos assinados e publicados neste jornal são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

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