O garoto que queria fotografar um disco voador e virou fotógrafo, escreve Edison Porto
As notícias da exploração espacial e sobre OVNIs com uma professora, despertaram o amor pela Fotografia
Por Edison Costa Porto
Nascido em 1954, durante sua primeira infância, acontecia o Projeto Mercury da NASA, 1958-1963, com vários testes com foguetes preparando sete astronautas para voos no espaço. Mas foi o astronauta soviético Iuri Gagarin quem primeiro foi ao espaço em 12 de abril de 1961. Acontecia a corrida espacial entre os Estados Unidos e a União Soviética!
Em 1964 foi lançada a cápsula espacial Gemini I, marcando o início do Projeto com vôos tripulados dos norte-americanos, que durou até 1966 com o lançamento da Gemini II. Mas o que marcou aquele menino, foi por a mão na Gemini V, logo que voltou do espaço, depois de ter batido o recorde de 7 dias em órbita dando 120 voltas na Terra, contra 81 voltas dos russos. Esta cápsula espacial foi exposta na frente da Catedral da Sé, na Capital de São Paulo, no dia 29 de janeiro de 1966.
Seu pai, que era sócio numa barbearia no centro de São Paulo, sabia da chegada da nave e levou o filho, então com 11 anos para visita-la. Os dois ficaram numa longa fila para subir numa escadinha ao lado nave, de onde olharam pelas pequenas janelas um monte de botões e instrumentos da cápsula espacial que se espalhava por toda a volta dos assentos dos astronautas.
Ao encostar as mãos na parte traseira da nave, a sensação era como tocar num material parecido com um isopor, mas de consistência mais compacta. E o menino pensou: “Nossa! Estou tocando numa coisa que deu voltas no planeta!”
O menino e seu pai gostavam de assistir as séries de ficção científica com a família, como Jornada nas Estrelas, O Túnel do Tempo e Perdidos no Espaço. Sonhavam com a viagem do homem à Lua e com o contato com seres extraterrestres.
Aos doze anos, na segunda série do curso ginasial (hoje ensino fundamental), teve uma professora que foi bastante esperta para estimular a leitura e conhecimento da turma. Ela iniciou o curso propondo uma tarefa para dar pontos. Ela disse: “Escolham um tema da sua preferência e passem a recortar notícias de jornais e revistas sobre ele, colem num caderno que vão me apresentar no final do ano.” Claro o tema escolhido pelo menino foi “Astronáutica”.
O garoto ao procurar notícias sobre o tema da envolvente corrida espacial, além de ler sobre os voos do Projeto Gemini e das naves Soyuz dos russos, lia também sobre a longa guerra do Vietnã e outros temas da época, provando que a estratégia da Professora dava certo. Ele lia os jornais O Estado de São Paulo, a Folha e as revistas Manchete e O Cruzeiro, que o pai trazia da Barbearia. Então, era inevitável encontrar notícias sobre avistamentos de discos voadores. Os OVNIs – Objetos Voadores Não Idenficados, ou em inglês UFOs – “Unidentified Flying Objects”, o que obviamente despertava a curiosidade dele.
A imaginação do jovem, entrando na adolescência, fervia com as possibilidades da exploração espacial, as ideias de ficção científica e a vontade de ver um disco voador. Eram muitos os relatos de aparecimentos de naves supostamente extraterrestres.
Ele insistia com o pai que queria ter uma câmera fotográfica para registrar um disco voador quando visse um. No ano seguinte, seu pai lhe comprou uma câmera fotográfica, curiosamente russa, a Smena 8, que a loja Fotoptica teria arrematado num lote a bom preço. E logo depois ficou sabendo de um Curso de Fotografia no SESC na Rua do Carmo, Centro da Capital paulistana.
O garoto entre 13 e 14 anos era a única criança num curso de adultos interessados na fotografia. Ali aprendeu algumas técnicas, como usar as combinações entre aberturas do diafragma e velocidades do obturador com diferentes sensibilidades “ISO” dos filmes, então de 35mm. Também viu como se posicionar em relação à luz, uso de filtros, etc. Aprendeu a revelar os filmes, como usar um ampliador, tipos de papel fotográfico e como revelá-los, com uso dos líquidos revelador e fixador em quarto escuro, com luz vermelha. Era uma emoção ver as imagens surgindo como mágica no papel fotográfico imerso no líquido revelador. O seu laboratório era no porão da casa, onde fotos de vários tamanhos ficavam penduradas em varais para secar.
Mas o curioso, é que ao receber o diploma de fotógrafo, já não acreditava mais nas fotos de discos voadores que apareciam de vez em quando na imprensa. Durante o curso, aprendeu tantas formas de forjar uma foto, seja na hora de clicá-la, na hora de revelar o filme, ou ainda na ampliação em papel fotográfico, que nunca mais acreditou em fotos como prova de avistamentos, muito embora continuasse acreditando que eles poderiam existir. Com a evolução da tecnologia então, não há como provar nada com registros fotográficos ou em filmes assim ele pensa hoje, mas continua querendo ver pessoalmente uma nave extraterreste, seja um OVNI, seja um OSNI, o Objeto Submarino Não Identificado, cuja aparição tem sido mencionada nas últimas décadas.
Desde a adolescência fotografando despertou nele um olhar de fotógrafo muito especial, ele percebe quando uma cena dará uma boa foto e se tornou comum para a família dele ouvi-lo dizer “pare!” e ficarem imóveis porque ele vai “bater uma foto”, que vai ficar boa!
A sogra foi para o Japão na época em que surgiram as primeiras câmeras digitais. Sabendo do seu gosto pela fotografia trouxe uma câmera de presente para ele que provavelmente foi um dos primeiro usuários de câmeras digitais em São Paulo. Ele se divertia quando fotografava alguém e falava “venha ver se a foto ficou boa”, a reação das pessoas era de incredulidade, pois na época demorava dias para ser possível saber se a foto ficou boa. Os filmes eram entregues a um laboratório para serem revelados e para as fotos serem feitas em papel fotográfico. Era um gasto comprar o filme e pagar para receber os negativos e as fotos em papel à escolha: Brilhante, Fosco, Sépia e também no tamanho desejado (o padrão era 6 x 9 cm).
Ficou muito mais fácil e barato fotografar e, ele passou a ter uma câmera digital sempre na cintura. Assim pegava flagrantes de acontecimentos diversos sempre registrando de tudo, do comum, ao inusitado.
Já adulto, acabou fotografando um incêndio cujas fotos foram publicadas no Estadão (o famoso jornal O Estado de São Paulo). Ele ficara trabalhando após o expediente, início da noite e deu um temporal, de repente um estrondo, um raio caíra no transformador de energia num poste da Eletropaulo que começou a pegar fogo, uma língua de fogo corria pelo meio-fio até atingir um carro cujo dono não apareceu, outros foram retirados a tempo. As fotos da língua de fogo e do carro em chamas foram notícia no Estadão. Nesta época era Diretor Executivo Estatutário da AMCHAM – SP, ou American Chamber of Commerce Brazil SP.
Mas o que mais o encanta é o “olhar para a beleza” que ele desenvolveu, com ele vive tentando registrar em fotos uma verdadeira impossibilidade que é conseguir capturar a magnitude do que nossos olhos veem. O tempo lhe ensinou, que por mais experiente que seja, por melhor que seja seu equipamento, é um desafio tentar colocar numa foto a beleza de uma paisagem da mesma forma como os nossos olhos a veem, por exemplo, as cores espalhadas nas nuvens num pôr do sol, ou na aurora. As fotos podem ficar maravilhosas, mas nunca expressarão toda a beleza contemplada pelos olhos humanos em conjunto com a atmosfera de onde se faz a observação.
Ao olhar uma flor, uma criança, uma mulher, um grupo de pessoas, um evento, ele saca da câmera como um “cowboy” num duelo, tem que ser rápido para não perder a sensibilidade à beleza daquele momento.
E assim aquele garoto hoje próximo de completar 70 anos, é feliz e grato a tudo e a todos, por poder se comunicar através da fotografia, dos filmes que faz e das palavras que escreve, os únicos dons que percebeu ter recebido quando certa vez “reclamava com Deus” por não saber pintar, esculpir, cantar, tocar um instrumento, entre outros dons que aprecia nas pessoas, mas não os tem.
Aquele garoto que um dia correu para o sofá com os pais e irmãos para assistir a transmissão pela TV da chegada do homem à Lua, sou eu, o autor deste história. Aliás, a TV não pegava direito, tinha muito chuvisco, mas estávamos ansiosos para saber se “teria alguém na lua”, mas não tinha (ou não se viu…). De qualquer modo a cena ficou gravada em minha memória, dia 20 de julho de 1969, vendo o astronauta Neil Armstrong descendo do módulo lunar com as famosas palavras: “Um pequeno passo para um homem, um grande salto para a humanidade.”
O que me motivou a contar esta história aqui foi o que vi numa foto que fiz do céu, recentemente. Era o dia 04 de março de 2023, um sábado pela manhã, com bonita formação de nuvens brancas e céu azul. Faço fotos assim para mandar para um aplicativo de clima, o WOW que às utiliza nas previsões de tempo e as deixa disponíveis para venda. Quando baixei a foto da câmera Nikon Coolpix P530 para o notebook, observei quatro pontos brilhantes que me chamaram a atenção.
Quando vi o primeiro ponto brilhante pensei que tinha fotografado o reflexo do sol no casco de um avião, mas aí como tinha mais três pontos, era pouco provável ter uma esquadrilha cruzando os céus de Caçador, no meio oeste de SC. Então fiz algumas ampliações da foto e não consegui identificar do que se tratava. Será que depois de tantos anos eu fotografei sem saber uma esquadrilha de OVNIs?
Não sou daqueles céticos que não acreditam em nada e ponto final. Sou um cético que quer entender as coisas, quer uma explicação e procuro por ela, se não a encontro, não afirmo nada e aí sim, ponto!
Uma explicação seria sujeira na lente da câmera, mas acontece que estes pontos não apareceram na foto anterior, nem na foto posterior. Pode ser que tenham caído alguns pequenos pingos de início de chuva que vem acontecendo esparsamente na região. Mas porque não apareceram na foto seguinte? Talvez eu tenha limpado a lente, como as vezes faço como certa rotina, e, nem percebi.
Não sei explicar estes curiosos efeitos na foto que fiz questão de não editar nada, não mexi em contraste, cores, luminosidade, nada! Mostro aqui a foto em tamanho original como foi feita e mais três ampliações dela, para que meus leitores tirem suas conclusões. Sei que é comum a gente ver aquilo que queremos acreditar e nem sempre vemos como a realidade é.
Meu saudoso pai, Eugênio José Porto, costumava brincar em certas situações repetindo uma frase de cerca de 400 anos, atribuída a Miguel de Cervantes, autor de Don Quixote:
“Yo no creo em brujas, pero que las hay, las hay”
Nota do Editor: As fotos da Gemini são do Acervo do Estadão, e para ver a notícia da época acesse:
http://m.acervo.estadao.com.br/noticias/acervo,uma-nave-espacial-na-praca-da-se,11992,0.htm
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Sobre o autor: Edison Porto, Consultor de Negócios, administrador pela Eaesp/FGV; MBA em Finanças pelo IBMEC-SP, bacharelando em Direito e acadêmico de Jornalismo; Técnico em Agronegócio – SENAR SC; Membro da Associação dos Amigos do Museu do Contestado de Caçador, da ACIJO Associação Caçadorense de Imprensa e do Núcleo de Meio Ambiente da ACIC Associação Empresarial de Caçador. Presidente do Conselho Municipal de Turismo 2023/2025 e membro dos Conselho Municipais de Cultura e de Meio Ambiente; do Conselho Consultivo da FLONA ICMbio; do Comité da Bacia Hidrográfica Rio do Peixe; do CEUA – Comitê de Ética do Uso Animal da Fac Veterinária. Faz parte das diretorias da OnG Gato do Mato, do CTG Estrela dos Pampas e do Grupo de Teatro Temporá. Ocupa a cadeira nº10 da Academia Caçadorense de Música. Editor do Jornal Caboclo. Detentor da Marca Registrada no INPI: IMPRENAUTAS – Informação e Cultura.
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