Gato Maracajá ameaçado de extinção é registrado por observadores de aves em Palmas PR , escreve Rui Santos
Um animal belo que vive em árvores o pequeno felino pode desaparecer
Por Rui Santos
Nesse dia 01 de dezembro de 2024, por volta das 08:20h da manhã no interior de Palmas, durante uma passarinhada (atividade que já é de rotina para nossa família), nós estávamos passando por um penhasco quando avistamos o animal dormindo em uma imbuia velha. Quando percebeu nossa presença deu tempo para tirar só umas três fotos, questão de segundos. Ele olhou para nós, deu um pulo para a árvore ao lado, se jogou no chão e já não o vimos mais. Durante nossa observação ele não emitiu nenhum som.
Por ser muito semelhante a outros felinos e nos lembrar duma jaguatirica, para ter certeza de qual animal fotografamos nós pedimos ajuda aos nossos amigos biólogos, do Clube de Observadores de Aves do Contestado – COAC, o Lidiorlan Bortolaz e sua esposa Alini Guinzelli.
Eles falaram se tratar do Gato Maracajá, mas para ter certeza eles enviaram a foto para o biólogo e Presidente da Ong de Defesa da Natureza Gato do Mato, Anderson Copini, que confirmou a identificação. Eles ficaram surpresos e felizes com o registro. E nós também, porque o Gato Maracajá é um animal ameaçado de extinção.
O Gato Maracajá (Leopardus wiedii) ocorre desde o México até o Norte da Argentina e Uruguai. No Brasil ocorre em todos os biomas, exceto em alguns lugares do Nordeste.
Seu habitat varia desde florestas tropicais a áreas pantanosas. É uma espécie solitária e uma das mais arborícolas de todos os felinos, ou seja, vive sempre em árvores, nas copas, troncos ou raízes, por isso são muito dependentes e adaptados a ambientes florestais.
No Brasil é considerado ameaçado de extinção, na categoria vulnerável, segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
Além da destruição do seu habitat, a caça, os atropelamentos e a transmissão de doenças por animais domésticos também ameaçam a espécie.
O Gato maracajá pode medir entre 42 a 80 cm entre a cabeça e o corpo, com cauda medindo de 30 a 51 cm, pesa de 3 a 5 kg. Possui hábito de vida noturno e arborícola. Alimentam-se de ratos e aves de pequeno porte, além de frutas e sementes.
Ele se difere das outras espécies de felinos que ocorrem no Brasil devido sua coloração amarelo-escuro, com exceção da barriga que é mais clara, olhos bem grandes e destacados, focinho saliente, patas grandes e cauda longa.
Uma curiosidade sobre o Gato Maracaja é que ele é capaz de imitar o som de suas presas para que elas se aproximem.
Notas do Editor:
Quando fotografou o Gato Maracajá Rui Santos estava com sua esposa Fernanda, com o filho Ruan (5) e com o mais velho Rui Filho (17). A família faz parte do COAC – Clube de Observadores de Aves do Contestado e costuma sair com frequência para “passarinhar”, o que significa observar aves, prática que no exterior é chamada de “Bird Watching”.
A observação de aves ou “Bird Watching”, praticada no mundo tudo, é considerada uma ciência cidadã, porque ajuda a mapear as aves de cada região (avifauna), conhecer as migrações de aves, seus hábitos, predadores e o que predam. Existem vários clubes e organizações que recebem e organizam estes dados, como por exemplo a plataforma E-bird e a Universidade de Cornell nos EUA.
O biólogo Lidiorlan Bortolaz comentou sobre o animal registrado:
O Gato-maracajá ( Leopardus wiedii ) se assemelha com seus congêneres Leopardus . Esse grupo no qual pertencem os “gatos do mato” são difíceis de identificar em campo ou até mesmo através de fotografias. Somente com uma análise mais aprofundada das características externas e com um conhecimento prévio das espécies é possível chegar à identificação correta desse felino que habita nossas florestas. Quando recebi a imagem do amigo Rui, logo encaminhei para outro amigo (o Anderson Copini) com conhecimento mais apurado em felinos, que logo confirmou a identidade da espécie como sendo L. wiedii.
O biólogo Anderson Copini declarou:
“Curiosamente o felino tem suas particularidades únicas, como toda a espécie de animais possui. Ele se diferencia de outros felinos silvestres de médio porte, por apresentar detalhes peculiares como: os pelos da testa até a nuca são todos arrepiados, a cauda se comparada ao seu corpo é maior, e, além de olhos grandes e esbugalhados. Esses pequenos detalhes me deixam impressionados, e também, fico apaixonado cada vez que vejo uma foto e/ou vídeo desse espécime. Se eu pudesse, passaria o dia todo na floresta observando esses animais!”
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Sobre o Autor: Rui E. Santos 42 anos, Técnico em Meio Ambiente e observador de aves e costuma passarinhar com o Rui Filho (17), estudante do Ensino Médio, e muitas vezes dom toda a família, incluindo a esposa Fernanda e o caçula Ruan (5).
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