Jornal Caboclo

da região do Contestado, SC

Colunas e Opinião

A Interseção entre Trabalho, Lazer e Produtividade, escreve Rose Campos

O desenvolvimento sustentável respeita o ambiente e as pessoas

Por Rose Campos

Como já mencionei em artigos anteriores, sempre gostei de me apropriar de acontecimentos atuais e analisá-los sob diferentes perspectivas. Desse modo, nas últimas semanas, a sociedade vem discutindo a redução do horário de trabalho e a adoção do modelo híbrido. O debate, orquestrado pela deputada Erika Hilton, enfatiza a carga enfrentada por muitos trabalhadores, sendo “do conhecimento geral que a jornada de trabalho no Brasil frequentemente ultrapassa os limites razoáveis, sendo a escala de trabalho 6×1 uma das principais causas de exaustão física e mental”. Para a parlamentar, a redução da jornada é uma maneira de combater os impactos negativos dessa carga no bem-estar da classe trabalhadora e nos resultados obtidos pela sociedade. Não faltam evidências sobre como a sobrecarga de trabalho, a pressão, a falta de treinamento e o acompanhamento psicológico afetam a sociedade. Isso me levou, ao final de mais um ano, a refletir sobre o presenteísmo e as métricas de sustentabilidade.

A discussão sobre o presenteísmo é especialmente pertinente no final do ano, quando muitos profissionais avaliam suas conquistas e desafios. A pressão por resultados e a cultura de estar sempre “ligado” podem levar à exaustão e à diminuição da produtividade. No entanto, quando as organizações adotam uma abordagem que prioriza o bem-estar, é possível observar uma melhoria significativa na eficiência e na criatividade dos colaboradores. O ODS¹ 4, que busca garantir educação inclusiva e equitativa, também se relaciona com essa discussão, pois um ambiente de trabalho saudável e equilibrado permite que os colaboradores se desenvolvam e aprendam continuamente.

A redução da carga de trabalho e a promoção de momentos de lazer não apenas beneficiam os colaboradores individualmente, mas também impactam positivamente o desempenho organizacional. Estudos mostram que trabalhadores satisfeitos e descansados são mais produtivos e criativos. Portanto, ao enfrentar o fenômeno do presenteísmo, as empresas têm a oportunidade de reavaliar suas práticas e criar um ambiente que não apenas respeite, mas celebre a individualidade e o bem-estar de cada colaborador.

A governança corporativa, um dos pilares das métricas ESG², desempenha um papel fundamental na abordagem do presenteísmo. Uma liderança que valoriza a saúde mental e o bem-estar dos colaboradores está mais propensa a adotar políticas que combatam essa forma exaustiva de trabalho. O ODS 16, que promove sociedades pacíficas e inclusivas, destaca a importância de instituições eficazes e responsáveis. Priorizar o bem-estar dos funcionários não apenas melhora a satisfação no trabalho, mas também contribui para a construção de um ambiente mais inclusivo, respeitoso e, consequentemente, para o desenvolvimento socioeconômico.

Assim, é fundamental refletirmos sobre as lições aprendidas e as mudanças necessárias, analisando o presenteísmo como um reflexo das pressões contemporâneas que deve ser abordado com seriedade, alinhando-se às métricas de sustentabilidade ESG e aos ODS. Ao priorizarmos a saúde mental, o respeito e o desenvolvimento humano, as organizações podem não apenas mitigar os efeitos negativos do presenteísmo, mas também criar um futuro mais promissor para todos os colaboradores. A transformação do ambiente de trabalho, focada na redução da carga de atividades e na promoção de momentos de lazer, é um passo essencial para abrir a discussão sobre um olhar verdadeiro e humano para todos os trabalhadores, incluindo as chefias. Isso garantirá a produtividade e a satisfação no trabalho, reforçando a responsabilidade de cada trabalhador em relação à sua equipe, à sua entrega e ao resultado coletivo. Cada colaborador, como peça de uma engrenagem, desempenha um papel colaborativo na construção de um mundo mais sustentável, justo e equilibrado.

Obs.: O presenteísmo é o fenômeno em que o trabalhador está fisicamente presente no ambiente de trabalho, mas não está totalmente produtivo ou engajado. Originado na França na década de 1950, esse tema tem se tornado cada vez mais relevante nas discussões sobre saúde mental e produtividade, especialmente no contexto atual, onde a insegurança no emprego e a pressão por resultados intensificam a necessidade de estar presente, mesmo em condições adversas. Essa prática pode prejudicar tanto o bem-estar dos colaboradores quanto o desempenho das organizações, evidenciando a importância de ambientes de trabalho que promovam a saúde e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

(¹) ODS Objetivo de Desenvolvimento Sustentável, são 17 objetivos ambiciosos e interligados e 169 metas de ação global, para alcançar até o ano de 2030, que tratam dos principais desafios de desenvolvimento enfrentados pelas pessoas, no Brasil e no mundo.

(²) ESG Environmental Social Governance, em português ASG Ambiental Social Governaça, são práticas de gestão que levam em conta os aspectos de proteção ambiental, bem-estar social e desenvolvimento sustentável, portanto conectadas com os ODS.

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Sobre a Autora:  Rose Campos é jornalista ambientalista, pós graduada em neurolinguística. Assessoria e mentoria em comunicação e sustentabilidade, palestrante, escritora, poeta e apresentadora do Programa Ecos do Meio, na Rádio/TV Mega Brasil. É fundadora da Ecos do Meio Comunicação, entidade que tem como objetivo promover diálogos e ações de conscientização sobre as questões socioambientais e o destino correto, assim como sua transformação em arte, do ‘lixo social’. Foi diretora da Associação Paulista de imprensa e Conselheira da ACSP – Associação Comercial de São Paulo por mais de seis anos. Colaboradora do Jornal Caboclo. Contato:  ecosdomeio@hotmail.com 

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