Jornal Caboclo

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Colunas e Opinião

Ecos de uma realidade midiática, escreve Rose Campos

O cenário no meio jornalístico no Dia Internacional de Combate ao Racismo – 21 de março

Por Rose Campos

No Dia Internacional de Combate ao Racismo (21/03), em um cenário midiático onde a diversidade ainda é um desafio e vozes historicamente silenciadas persistem, este artigo busca refletir e questionar o impacto dessas exclusões na formação da opinião pública e na inovação das práticas jornalísticas.

Como sempre friso, meus artigos, são, em sua maioria, ecos recolhidos em nosso meio e esse veio de meu grupo de jornalistas da Universidade Metodista, onde, através do envio de um recente estudo do Instituto Reuters e da Universidade de Oxford, trouxe à luz uma discussão sobre a representação racial na liderança das principais organizações de notícias de cinco países, incluindo o Brasil, que revela o que já sabíamos, ou seja, que apesar de 57% da população se identificar como “pessoas de cor”, nenhum dos principais veículos de comunicação no Brasil tem um editor chefe negro.

Em 2021, o veículo Jornalistas & Cia, juntamente com várias entidades parceiras, incluindo o Ecos do Meio (que na época participou de outra pesquisa, realizado pela ESPM, envolvendo o estudo de caso de negócios de impacto social coordenados por empreendedores negros), realizou a pesquisa “Perfil Racial da Imprensa Brasileira”, o primeiro censo da imprensa brasileira, que já revelou esse panorama preocupante sobre “a presença de jornalistas negros nas redações brasileiras”, que expõe uma profunda desigualdade racial no setor. O estudo foi uma iniciativa importante buscando evidenciar a urgência da representatividade na mídia.

Entretanto, hoje, com a exposição desse estudo do Instituto Reuters, essa triste realidade nos faz perguntar: o que estamos fazendo para mudar positivamente essa situação que descriminaliza, incapacita, retem o progresso e desenvolvimento e “clareia” nossa visão sobre as métricas de sustentabilidade: ODS e ESG. Afinal, uma pesquisa realizada por um setor, revela, em sua maioria, uma problemática social.

Sendo assim, quais estão sendo os nossos ecos sociais?

A sub-representação das “pessoas de cor” em editorias de alto nível, revela, infelizmente, não ser um fenômeno isolado. Em um contexto onde a diversidade deveria ser celebrada e refletida nas redações, os dados mostram que apenas 17% dos 70 principais editores das 100 marcas analisadas pertencem a grupos raciais minoritários, uma queda de seis pontos percentuais em relação ao ano anterior. No Brasil, a situação é ainda mais chocante, pois não há um único editor negro nos cargos de alto escalão, enquanto a maioria da população se vê fora da narrativa contada por esse setor, demonstra a pesquisa.

Isso tudo parece que estamos apenas maquiando uma realidade que se mostra cada vez mais cruel e distante das mudanças que tanto precisamos. Enquanto apresentamos números e dados para validar a diversidade, a prática continua a silenciar vozes essenciais e a perpetuar ciclos de exclusão.

Portanto, é preciso questionar: o que estamos fazendo realmente para transformar essa situação? Quais são os nossos ecos? É evidente que as iniciativas isoladas não têm sido suficientes. O que falta é um compromisso coletivo em priorizar a diversidade em toda sua essência. É crucial que haja uma revisão das políticas editoriais e de contratação para garantir que a diversidade não seja apenas uma meta, mas uma realidade inclusiva.

Esse pequeno artigo nos mostra que a realidade apresentada na luta pela diversidade na mídia não é apenas uma questão de representação, mas um reflexo da sociedade em que vivemos… ecos do nosso meio))). Sendo assim, precisamos urgentemente reavaliar esses ecos e o impacto que causam em toda a sociedade, mas, em especial, aos seus grupos representativos  – a paralização descrita em artigo “Etarismo e Procrastinação” publicado no Jornal da Comunicação Corporativo e Jornal Caboclo, se encaixa perfeitamente aqui, destacando como ambos representam formas de exclusão que desvalorizam experiências e contribuições valiosas em ambientes de trabalho, como nas redações de mídia.

O caminho para a mudança é longo e, muitas vezes, é marcado por ecos de vozes solitárias, abafadas e sufocadas ao longo dos anos. No entanto, já passou da hora de ouvirmos e incluirmos essas vozes que têm sido silenciadas; esse é um passo indispensável para a transformação. A pergunta que resta é: queremos essa mudança? Estamos realmente dispostos a ouvir os nossos ecos?

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Sobre a Autora:  Rose Campos é jornalista ambientalista, pós graduada em neurolinguística. Assessoria e mentoria em comunicação e sustentabilidade, palestrante, escritora, poeta e apresentadora do Programa Ecos do Meio, na Rádio/TV Mega Brasil. É fundadora da Ecos do Meio Comunicação, entidade que tem como objetivo promover diálogos e ações de conscientização sobre as questões socioambientais e o destino correto, assim como sua transformação em arte, do ‘lixo social’. Foi diretora da Associação Paulista de imprensa e Conselheira da ACSP – Associação Comercial de São Paulo por mais de seis anos. Colaboradora do Jornal Caboclo. Contato:  ecosdomeio@hotmail.com 

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P.S.: Os conceitos emitidos por artigos ou por textos assinados e publicados neste jornal são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

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