Jornal Caboclo

da região do Contestado, SC

Colunas e Opinião

Prefeitura de Fraiburgo é alvo de crítica de vereadores – sobre um parque infantil

por Renato Renato

Quem compareceu à sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Fraiburgo na segunda-feira (26 de junho) e sentou-se em uma das cadeiras costumeiramente vazias do lugar com uma cópia da pauta legislativa na mão e minimamente informado dos principais assuntos políticos ou sociais da cidade dos últimos dias poderia prever algo olhando bem um texto ao alcance da ponta do nariz, quem sabe recuperando uma daquelas imagens literárias do maior escritor brasileiro de todos os tempos, Machado de Assis. A sombra do nariz e um pici-nez ou picenê auxiliando um olhar problemático da realidade; picenê, do significado “Óculos sem haste, preso ao nariz por uma mola”.

Me perdoem a então crescente audiência do Jornal Caboclo, o editor deste jornal na condição de cronista não quer aparecer além da conta nem se promover como pedante ou como leitor machadiano diante de uma plateia dada. Importa dizer, que lembrei-me de Machado de Assis e de toda a sua monstruosidade artística quando me deparei com a seguinte Indicação. Abramos aspas à ela:

“Indicação nº 140/2017, de autoria do Vereador Angelo Rodrigues; subscrita pelo Vereador Adelar Ribeiro da Silva; (para que seja realizado trabalho de manutenção, reforma e recuperação dos brinquedos no parque infantil, localizado atrás do Centro de Educação Infantil Amábile de Carli Brandalise, do Bairro Nossa Senhora Aparecida. Que nesta recuperação se inclua a construção de um cercado).”

Um dia anterior, o cronista Renato Renato, na condição de editor e repórter, tratou do mesmo assunto. Noticiou o seguinte no Jornal Caboclo, o jornal que diz respeitar a inteligência dos leitores:

Pois bem, uma Indicação legislativa citava que dois vereadores estavam pedindo algo que já havia sido feito. Em resumo, para quem acabou de chegar ao registro cronístico da sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Fraiburgo de 26 de junho de 2017, moradores e amigos do bairro Nossa Senhora Aparecida realizaram uma reforma de um parque infantil público – conforme o link da notícia acima indicado destaca – e sem a ajuda ou auxílio do poder público local.  Ou melhor, para ser justo com esta narrativa de memória, destacamos agora o autor da Indicação, o vereador Angelo, que reconhece a data de registro de sua Indicação – 30 de março de 2017, se anotei bem de um próprio dizer do vereador – e reconhece que parte da Indicação já foi consumada, digamos assim, pelos próprios moradores do bairro Nossa Senhora Aparecida. O vereador, assim, passa a defender, numa fala de reconsideração da tribuna, uma ampliação da reforma de um parque infantil público, que não teve auxílio algum do poder público local, conforme os próprios moradores destacam. O vereador Angelo, para continuar sendo correto com o relato de memória, sugeriu que a Prefeitura de Fraiburgo fizesse uma cerca, colocasse pedra brita e oferecesse mais brinquedos ao parque infantil do bairro Nossa Senhora Aparecida, a Prefeitura de Fraiburgo, aquela mesma Prefeitura de Fraiburgo que não deu respostas ou não teria dado respostas aos moradores do bairro Nossa Senhora Aparecida sobre a necessidade de reforma do dito único parque infantil público do bairro.

Após a fala do vereador Angelo, que do ponto de vista do cronista, abordou um assunto muito importante, sobretudo se a gente considerar que na sessão aqui narrada, os moradores do bairro Nossa Senhora Aparecida e amigos, aqueles mesmos que realizaram a reforma de um parque infantil público que o poder público local não realizou estavam presentes à sessão (foto de destaque).

O vereador Angelo deixa a posição de tribuna, para dar espaço a Altamir Lucio da Silva, conhecido nas sessões como defensor do Maio Amarelo, o mês de conscientização do trânsito. “Que todas as comunidades sigam o exemplo [dos moradores do Nossa Senhora Aparecida]”, o vereador resumiu. Ou melhor, o vereador Altamir, também citado como Sargento Altamir, ainda expressou: “Se o município não tem em seus cofres fundos, cabe à comunidade fazer”. Sem dúvida alguma, o vereador disse isso mesmo. Anotei.

O vereador Rodrigo Lara, sempre presente à tribuna como representante imediato da gestão da Prefeita Claudete Ghelher Mathias ou como Líder do Governo da chamada renovação política local subiu à tribuna para parabenizar pelo “belíssimo trabalho” feito pelos moradores; disse o vereador Lara como que se dirigindo à parte da plateia composta pelos próprios moradores e amigos do bairro Nossa Senhora Aparecida, onde existe uma praça pública, ou melhor, onde existe um parque infantil público que foi reformado por moradores que, percebendo a ausência do poder público, agiram em benefício da comunidade. Nesta parte, o editor travestido de cronista perde o fôlego e respira um pouco para chegar ao fim da narrativa…

(Se os plebeus leitores chegaram até este ponto, chegaram longe nesta época de leituras curtas e superficiais. Ainda tem mais, caros leitores de fôlegos respeitáveis. O dito melhor ainda está por vir.)

O vereador Lara prosseguiria com a sua fala, num momento em que o repórter ou o cronista não conseguiu anotar bem, mas consegue aqui lembrar a considerada importância da fala registrada na mente. “O parquinho é de vocês!” ou “O parquinho é do bairro!”. Eu juro que percebi uma fala irônica do vereador Lara nesta passagem. E se a fala não for ou não foi irônica, o vereador Lara terá toda a condição de contestar o editor do Jornal Caboclo, periódico modesto mas com posição clara na sociedade. O espaço estará aberto ao vereador como sempre estará para direitos de respostas de leitores e de citados ou supracitados, conforme ou inclusive como a legislação manda ou determina.

No momento em que o vereador Lara diz, ironicamente ou não, que “o parquinho é do bairro” e não público ou de responsabilidade da Prefeitura de Fraiburgo, uma pessoa membro do grupo do bairro Nossa Senhora Aparecida, presente à sessão, interfere na fala do vereador e no regimento da “Casa” ou “Casa legislativa”. “Não é do bairro, não!”, disse uma amiga da Associação do Bairro Nossa Senhora Aparecida chamada Tati ou Tatiane, sobre o parque infantil público.

O presidente e vereador Gerson de Matia, que prefere ser chamado publicamente de Cersão, toma a palavra e, digamos assim, pede “ordem” aos oradores ou ao orador e à pessoa da plateia. Após a intervenção, Lara prossegue: “Vocês [do bairro Nossa Senhora Aparecida, eu deduzi assim] estão fazendo “uma administração comunitária”. Ele disse em seguida algo do tipo: “A Prefeita Claudete prometeu uma administração comunitária”, sugerindo que os moradores do bairro Nossa Senhora Aparecida estariam seguindo a mesma lógica, embora os moradores não tenham sido eleitos e recebam para tal; eu interpretei uma referência do vereador Lara ao Plano de Governo da então candidata Claudete. Talvez o vereador Lara, líder respeitado e sempre ponderado do Governo local na Câmara Municipal de Vereadores de Fraiburgo possa explicar melhor esta passagem na próxima sessão. Os moradores do bairro Nossa Senhora Aparecida não administram a cidade, ponto.

Agora o vereador Toni Francisco Souza da Silva, o Toni – e aqui eu destaco aos leitores que já estamos no fim desta crônica ou narrativa. O vereador Toni pede a palavra para, em síntese, defender a figura da Prefeita Claudete. “Tenho certeza que elas [as pessoas do bairro Nossa Senhora Aparecida] vão ser atendidas pela prefeitura”, disse o otimista vereador Toni e o áudio da sessão pode comprovar o que ele diz ou disse e o que o cronista da vez sugere neste trecho narrado ou nos demais trechos citados.

Cortamos para o fim desta narrativa ou desta autointitulada crônica, porque até o cronista se sente cansado de até aqui discursar.

O vereador Marcos Adriano Raldi Palaoro, conhecido como Marquinhos, apesar da altura, sobe à tribuna para fazer uso da palavra. Diz ele: “Deixar que a comunidade faça [uma reforma de um parque público]… chega [a] ser uma situação triste”. O vereador diz ou disse mais: “Estou cobrando a situação que chegou o parque infantil [do bairro Nossa Senhora Aparecida]”. Logicamente o vereador estava se referindo ao mesmo parque infantil reformado nos dias 20 de maio e 24 e 25 de junho por moradores e amigos ligados à Associação de Moradores do Bairro Nossa Senhora Aparecida, em Fraiburgo. A reforma do parque infantil “é uma responsabilidade do poder público”, disse o vereador Marcos Palaoro. Ou melhor, “um parquinho é tão fácil de fazer”, criticou o vereador que, naquele momento curiosamente insistia em dizer que não fazia uma crítica: “Não estou aqui fazendo uma crítica…”, ele diria mais de uma vez, embora estivesse fazendo uma escancarada e necessária crítica.

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Para conferir a pauta da sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Fraiburgo de 26 de junho de 2017, clique aqui.

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Mensagem do editor:

Textos e imagens de propriedade do Jornal Caboclo podem ser reproduzidos de modo parcial, desde que os créditos autorais sejam devidamente citados.

Comuniquem-nos de possíveis correções.

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