Jornal Caboclo

da região do Contestado, SC

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Matos Costa, 57 anos, escreve João Batista

São João dos Pobres tem um mês em festas pelo seu 57º aniversário.

Por João Batista Ferreira dos Santos

 No dia 5 de abril de 2.019, iniciam-se as festas de comemorações do 57º aniversário de Emancipação Político Administrativa de Matos Costa SC que se encerrará só no dia 25 de abril.  Este início se dará com o 29º Rodeio Crioulo Interestadual do CTG Porteira da Amizade, a partir das 16:00 horas com recepção aos CTGs e início das inscrições e as 19 horas início do rodeio. A programação do rodeio continuará nos dias 6 e 7 de abril.

 As festas se retomam, no dia 14 de abril, com a 2ª Feira de Terneiro e Gado Geral, no Parque Municipal Germano Passero, às 08h30min visitação e às 13h30min arremate.  Dia 23 de abril, será o aniversário do Município, com a abertura às 15h30min, serão entregues instrumentos musicais novos (percussão e sinfônica) à Fanfarra Lira do Contestado. Na ocasião, o Prefeito Raul Ribas Neto, com o Vice-Prefeito Paulo Camargo, realizará a entrega de um caminhão compactador para a coleta de resíduos sólidos, uma ambulância nova tipo A e mais uma ambulância doada ao Município pelo Samu. Ainda será entregue um distribuidor de adubo líquido.

CTGs acampam em Matos Costa, para o Rodeio Criolo Intestadual.

As 16h30min acontecerá o tradicional corte do bolo, seguindo as 18h00min horas com o grande show com a renomada Banda Corpo e Alma, no calçadão da cidade com entrada franca.

No dia 24 de abril (quarta-feira), às 19h00min horas, será realizada uma missa em homenagem ao Município, na Paróquia São João Batista. E no dia 25, (quinta-feira), na Igreja Assembleia de Deus acontecerá um Culto Ecumênico.

Cancha pronta para o Rodeio Criolo Interestadual do CTG Porteira da Amizade

Quando paro para pensar que a querida São João dos Pobres, está completando 57 anos de Emancipação Política Administrativa, retorno ao tempo: …vamos embarcar na “Máquina do Tempo”, retornar ao passado do Rocio, quando famílias inteiras de negros viviam a sua vida cultivando lavouras, construindo suas casinhas a beira do Riacho Rocio…

Imagino como deveria ser bom, ver o sol nascendo em meio aos incomparáveis campos que se perdiam de vista, das densas florestas de araucárias, que no mês de maio, junho e julho o pinhão era farto, se colhia direto do chão depois de maduro. Quantas sapecadas foram feitas nos capões de matos em meio aos verdes e lindos campos que rodeavam o pequeno povoado de São João dos Pobres.

Tempos em que São João Maria passeava pelos mesmos campos pregando o bem e ensinando o povo a se preparar para ver o “carreiro do Dragão de Fogo” (Trem), ou para se preparar para ver o ‘PÁSSARO DE FERRO” (avião) que” rasgaria os céus”, assustando muita gente. Locais onde deixou sua marca através de cruzeiros e pocinhos para o povo matar a sede, batizar crianças, águas que nunca secaram e depois de séculos permanecem intactos.

Vale ressaltar que os primeiros moradores, além de fazendeiros, foram os Negros do Rocio, São João dos Pobres. Neste espaço com o tempo os negros, construíram suas casas cobertas de “tabuinhas”, incluindo a IGREJA DO ROCIO, e mais um Cemitério. O monge João Maria de Agostinho foi um dos freqüentadores do referido povoado, de ex-escravos, conselheiro e amigo. Entre as frases do “Monge” ficou uma que permanece até os dias atuais. “Quando a Igreja do Rocio cair e o cemitério for abandonado, São João vai para no tempo”.

            Com a construção da Estrada de ferro São Paulo Rio Grande, o progresso da região foi impulsionado de modo notável, fato presenciado por moradores da época. Segundo escritos, facilitou a vinda de novos colonizadores. A inauguração da ferrovia, fator importante na história e desenvolvimento, aconteceu no dia quatro de abril de 1.908, ligando a então vila de São João a cidade de Porto União SC.

            Em 1.912, os caboclos chefiados pelo “Monge” José Maria, iniciaram uma batalha contra as empresas americanas, que lhes tomaram suas terras, mas na visão dos que defendiam a estrada de ferro, eram rebeldes, para nós caboclos, eram homens e mulheres lutando por seus direitos. Segundo escritos da época, iniciaram uma série de vingança saqueando fazendas e povoações a beira da ferrovia.  Em 1914, foi o centro das atenções, quando os povoados de Calmon e São João foram atacados e queimados. Nesta data Benevenuto Baiano, assassinou várias pessoas em São João, entre eles o próprio Capitão João Teixeira de Matos Costa, que defendia os caboclos em suas reivindicações.

            Em 15 de setembro de 1.917, através da resolução número 37, a Localidade passou a Distrito de São João. Em 1.919, foi plantado o marco de divisa entre Paraná e Santa Catarina, o qual se situa as margens do Rio Jangada. A 23 de dezembro de 1.933, foi iniciada a primeira estrada de rodagem que ligaria São João a Irati de Palmas PR. Neste trecho, que foi construído pelo quinto B.E.C de Porto União SC, foram construídas duas pontes uma, sobre o Rio Preto e outra sobre o Rio Jangada, as duas obras em alvenaria em um trabalho digno de excelente engenharia.

            Com a construção da nova estação ferroviária, o então Distrito de São João, passou a denominar-se, simplesmente Matos Costa, em homenagem ao destemido Capitão, morto numa emboscada armada por Venuto Baiano e seus comandados, com diversos soldados de seu batalhão e muitas famílias que habitavam a localidade.


Prof. Nilson Cesar Fraga da Universidade Estadual de Londrina com seus alunos em visita a Matos Costa

            Em 23 de abril de 1.962, pela Lei Estadual número 819, foi “criado” o Município de Matos Costa SC,  e em 22 de julho do mesmo ano, foi o Município instalado oficialmente perante o Juiz Substituto da Comarca, representante do senhor Governador e inúmeras autoridades do Estado.

Histórias que se eternizaram com o passar dos tempos, mas que permanecem vivas nas memórias daqueles que preservam e gostam de história. Matos Costa das grandes fazendas de gado, das grandes lavouras, dos pinheirais, do Rodeio Crioulo, das nevascas que encobriam os territórios nos gélidos invernos que passaram e ainda permanecem frios devido à altitude.

Em abril de 2.019. Matos Costa completa 57 anos de Emancipação Política Administrativa, tudo o que foi feito construído com o passar dos anos foi em prol do Povo Amigo desta terra.

Não nasci aqui, mas sou filho de Calmon, que é filho de Matos Costa.

Sou um simples escritor caboclo, que registro através da caneta o que me contam no dia a dia que convivo com este povo.

Parabéns São João dos Pobres, Parabéns Matos Costa!

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Sobre o Autor: João Batista Ferreira dos Santos, jornalista e pesquisador da história regional. Autor do livro “A História de Calmon na Guerra do Contestado” e das Crônicas: “Setembro Ensanguentado”; “A Moça do Armazém”; “As Botas de Borracha de Meu Pai”; e “Interior da Serra Acima”. Jornalista profissional pelo Centro Universitário de União da Vitória – UNIUV – 2008, nasceu em Calmon SC. É a Assessor de Imprensa há 27anos. Diretor Proprietário da Rádio Destaque Regional de Calmon e repórter do Jornal da Kairos FM de General Carneiro, Paraná, de segunda a sexta-feira.  Presidente do Grupo Resgate Associação de Calmon.

P.S. : Os conceitos emitidos por artigos ou por textos assinados e publicados neste jornal são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

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