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O rock progressivo da Banda YES – uma viagem astral, escreve Wagner Borges – Parte 4 de 4

A expansão da consciência para outras realidades, a viagem espiritual musicada por Jon Anderson

Por Wagner Borges

A segunda parte (lado 2 do disco de vinil duplo) é “The Remembering – High the Memory” (“Os Que Recordam a Memória Elevada”).

Descrição de Jon Anderson:

Segundo Movimento: SURITIS (do sânscrito “Smritis”: “Memórias de epopéias inspiradas”).

“Todos os nossos pensamentos, impressões, conhecimentos e temores têm se desenvolvido no transcurso de milhões de anos. Podemos, através de nós mesmos, referirmo-nos somente sobre nosso próprio passado, vida e história. Aqui é o teclado de Rick que projeta vívidos fluxos e refluxos de olho de nossas mentes: o oceano topográfico. Por sorte, notamos que certos aspectos ocorridos ao longo do tempo não são tão significativos como a natureza do que está impresso em nossa mente, e o modo como isso está registrado e é utilizado.”

Essa segunda música fala da possibilidade do olho da mente viajar nas águas do tempo através do oceano da eternidade (um oceano topográfico espiritual) e vislumbrar outras realidades somente perceptíveis pelas vias da imaginação, da intuição e da viagem espiritual. Nesse ponto, Anderson estava bastante adiantado para a época. A chamada regressão de memória (tecnicamente o nome parapsicológico é “retrocognição”), que hoje é estudada por muitos pesquisadores como ferramenta terapêutica para o desbloqueio de vários traumas psíquicos, é abordada de maneira bem sutil ao longo da música. Ele fala de “viajar longe nos sonhos” e explorar as experiências passadas. Fala de “viajar pelo tempo e pelas histórias e mitos” que formaram a alma da humanidade. Ou seja, é uma busca espiritual nas luzes do passado, um doce canto inspirado na viagem da alma pelo rio espiritual do tempo, uma doce viagem da caravela humana pelo oceano da sabedoria antiga (aqui fica bem evidente a influência dos Vedas, as escrituras mais sagradas dos hindus, sobre Anderson).

Apenas mais um detalhe adicional: a percepção supranormal de eventos externos passados é chamada tecnicamente de “psicometria” (do grego: “psiquê”: “alma”; e “metria”, oriundo de “metron”: “medida”). Ou seja, a percepção da alma das coisas, o mergulho nos registros do tempo (conhecidos esotericamente com o nome de “registros akáshicos”).

Como se observa, não é uma temática fácil de ser assimilada pelos leigos, quanto mais musicada e direcionada a um público genérico e acostumado a outros piques progressivos. Isso equivale a tentar musicar os épicos da Bíblia para os orientais. Esse é mais um dado para demonstrar porque esse disco foi tão mal compreendido.

Muitos fãs do grupo não gostam dessa segunda música, talvez pela complexidade do tema. Entretanto, a parte instrumental está excelente. Rick Wakeman brilhou muito nesse segundo movimento. Seus teclados dão um clima etéreo ao tema. Em minha opinião, as seções a seu cargo são a verdadeira alma dos oceanos topográficos. Por várias vezes, extraí apenas suas partes de teclado dessa música e coloquei-as isoladamente para grupos de alunos em práticas de relaxamento e expansão da consciência. O resultado foi ótimo e eles perguntavam que som era aquele que fazia “viajar espiritualmente”. Muitos achavam que era um som new age. Porém, quando eu dizia que eram trechos de teclado de Wakeman selecionados de “Oceanos Topográficos”, eles ficavam surpresos.

A terceira parte (lado 3 do disco de vinil duplo) é “The Ancient – Giants Under The Sun” (“Os Antigos – Gigantes Sob o Sol”).

Descrição de Jon Anderson: Terceiro Movimento: PURANAS (do sânscrito: “Lendas ou narrações de tempos antigos”).

“A antiguidade indaga ainda mais profundamente no passado, mais além do ponto de recordação. Aqui a guitarra de Steve é o pivô para a aguda reflexão sobre as belezas e os tesouros das civilizações perdidas: Índia, China, América Central e Atlântida.

Estes e outros povos deixaram um imenso tesouro de conhecimentos.”

Essa terceira música é talvez a parte mais complicada da obra. Anderson quis descrever sonoramente a união que os povos antigos tinham com a Mãe Terra. Para isso, usou de muita percussão com o intuito de criar um clima animista bem forte na primeira parte. Tecnicamente, o trabalho de Howe nas guitarras foi excelente, mas o som da percussão é tão forte (aqui brilhou bastante o talento de Alan White na bateria) que empanou seu brilho. Além disso, dá para perceber nitidamente aquela encheção de linguiça a que Wakeman se referia. Em alguns pontos, a música se torna irritante, mais parecendo que a banda estava perdida a essa altura, sem saber direito como desenvolver bem a linda idéia de Anderson sobre a sabedoria dos povos antigos.

Outro detalhe: acho que muitos não gostaram dessa música devido ao excesso da percussão. Quem gosta de rock progressivo está mais acostumado ao virtuosismo dos teclados e guitarras no comando do som. Eis aí mais um detalhe para explicar a aversão dos fãs a esse disco.

Porém, chamo a atenção para dois pontos nessa terceira música:

Passado o verdadeiro massacre percussivo da parte inicial (infelizmente extenso demais), a última parte é belíssima. Howe brilha muito no violão e a voz de Anderson evoca aquele sentimento cristalino da ascensão à luz.

Além do tema falar da sabedoria e ligação dos antigos com a Terra, também fala de sua devoção ao Sol. Se o ouvinte observar o disco inteiro com cuidado e paciência, notará que ele é a grande referência de toda a obra. Isso deixa mais clara ainda a influência da espiritualidade hindu sobre Anderson. Para os hindus, um de seus mantras mais importantes é o “Gayatri”, em homenagem ao Sol (em sânscrito: “Surya”), expressão da vida. E Brahman (do sânscrito: “O Todo”; “O Absoluto”; “Deus”) é o Sol de todos!

Bibliografia:
– “Seventh Heaven Vol. 3” (revista argentina; há uma matéria especial sobre “Tales From topographic Oceans” nas págs. 1-20). Essa revista fundiu-se com a revista “Mellotron”, uma das melhores publicações de rock progressivo do mundo.
– Livro: “Yes, But What Does It Means”; Thomas J. Mosbo.
– Livro: “Yes, Uma Rara Música de Quinteto”; Décio Estigarribia; Editora Muiraquitã; Niterói, Rio de Janeiro.

Nota do Editor: Esta é a “Quarta Parte” de um total de quatro partes que o Jornal Caboclo publica, dividindo e adaptando, matéria originalmente publicada no Jornal Metamúsica Nº 09 – Ano 2000.  A “Terceira Parte” foi postada em http://jornalcaboclo.com.br/index.php/2019/05/15/o-rock-progressivo-da-banda-yes-uma-viagem-astral-escreve-wagner-borges-parte-3-de-4/

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Sobre o autor:  Wagner D’Eloi Borges, nascido no Rio de Janeiro em setembro de 1961 – é pesquisador espiritualista, projetor extrafísico, conferencista, consultor da Revista UFO e colaborador de várias outras revistas como, Sexto Sentido, Espiritismo e Ciência, Revista Cristã de Espiritismo, Caminho Espiritual, e Consciência Desperta. É escritor – autor de doze livros dentro da temática projetiva e espiritual, dentre eles a série “Viagem Espiritual”, sobre as experiências fora do corpo. É colunista do Portal SomosTodosUm – www.somostodosum.com.br, e do Site do IPPB: www.ippb.org.br, dentre outros.

P.S.: Os conceitos emitidos por artigos ou por textos assinados e publicados neste jornal são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores

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Mensagem do editor:

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