“Tá nervoso? Vai pescar.” Por Matheus Felipe Tonial

por Matheus Felipe Tonial

Já era o tempo em que as pessoas iam até uma locadora e pegavam um “filmezinho” e ficavam o sábado a noite com o edredom no sofá. Não me interprete mal. Eu sei que você adora assistir filmes sábado à noite, mas esse velho modo de pagar por um filme e depois ter que devolvê-lo simplesmente não existe mais.

Umas das plataformas web de maior sucessor é a Netflix, que nada mais é que uma locadora web, onde você paga uma mensalidade e tem acesso às centenas de filmes e séries. O público jovem simplesmente ama esse serviço. Cada um tem o seu seriado preferido e quando ele termina é a maior tristeza do mundo; mas isso só dura até você encontrar a próxima série.

Aquele velho modo de esperar para ver o que vai acontecer no próximo episódio da sua novela pela televisão também não é mais realidade. As pessoas estão cada vez mais abandonando esse tipo de atração, passando a preferir pagar por um serviço novo e poder assistir o que quiserem na hora que quiserem, tudo isso no conforto de seus aparelhos portáteis.

Se você perguntar a seus pais como era ouvir músicas na época deles, eles provavelmente vão responder que se quisessem escutar alguma coisa especial era preciso pedir ao locutor amigo da rádio para tocar o sucesso, comprar a fita da banda ou quem sabe um disco de vinil. Às vezes era difícil ter que aguardar um álbum ser lançado para poder comprá-lo, o tempo podia parecer não passar. Mas hoje tudo é fácil. Se você quer escutar alguma coisa basta ser assinante do Spotify ou procurar o vídeo clip no You Tube, pronto, já está escutando.

A modernidade tirou o gostinho da espera. Não precisa esperar que o filme esteja disponível na prateleira da locadora, nem que o disco seja lançado. Hoje, cliques resolvem qualquer coisa. Esses mesmos cliques são responsáveis por deixar tudo muito mais rápido, consequentemente, são responsáveis por deixarem as pessoas sem paciência. Tudo isso, juntamente as preocupações da vida moderna levaram o Brasil a ocupar a posição de segundo país mais estressado do mundo, atrás apenas do Japão.

A dica é simples: Se tá nervoso, vai pescar. Não podemos deixar que o estresse e a sensação de “querer tudo para ontem” tomem conta da nossa paz de espírito. No último ano, houve um aumento de 13% no número de internações de jovens decorrente de infartos. Não podemos deixar que a agilidade de algumas coisas tomem rédia das situações cotidianas, afinal de contas, as melhores coisas da vida dependem da nossa espera, como aquela sobremesa deliciosa depois do almoço, por exemplo.

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Sobre o autor: Matheus Felipe Tonial, comunicador e estudante do Instituto Federal Catarinense – IFC Fraiburgo; escreve às quartas-feiras no Jornal Caboclo.

P. S. : Os conceitos emitidos por artigos ou por textos assinados e publicados neste jornal são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

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