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“Programar ensina a pensar direito”. Por Wanderson Rigo

por Wanderson Rigo

“Todo mundo neste país deveria saber como programar um computador porque isso ensina você a pensar”. Steve Jobs

Caro leitor, você só está lendo este texto porque programadores criaram condições para a edição e publicação dele. Programar é instruir computadores a realizarem tarefas complexas manipulando grande volume de dados em tempo impraticável para nós humanos.  Várias criações de programadores têm transformado nossas vidas, como Whatsapp, Facebook, Uber e outros tantos que habitam o smartphone. A partir de uma necessidade, alguém vislumbra uma solução, programa ela, distribui, podendo ela até alcançar escala mundial. Isso é muito mais ágil e efetivo que o esforço do governo em prol do cidadão.

Programar diz respeito a pensar, esquematizar, planejar, simular, testar, executar, realizar, otimizar, racionalizar, solucionar, usar a lógica, a sensatez, linhas de raciocínio, pensar com ordem, ser disciplinado, criativo, usar a coerência. Algumas destas faculdades mentais utilizamos em tarefas cotidianas, como ao organizar uma viagem, fazer compras, debater um assunto de forma coerente, etc. Tais capacidades hoje em dia vêm muito bem a calhar numa sociedade emotiva e hedonista, em franca desconstrução, que está em frangalhos e se perdendo em questões miúdas do micro universo de sentimentos, preferências e carências de cada um. O que nos destaca na criação e nos une sob o gênero humano é a capacidade de pensar, refletir e agir. Dividir seres pensantes em lotes é barbarizar a nossa humanidade, é desprezar nossas virtudes, é a negação da natureza humana.

Além disso, seres racionais, pensantes, revolvedores, pragmáticos, podem ajudar a sanar os verdadeiros problemas do mundo real. Hoje em dia precisamos de pessoas capazes de perceber, “resolvetizar”, aplicar esforço na construção de soluções e melhorias para a sociedade, principalmente na área de transparência, bom uso e rastreio de recursos públicos.

Com o acesso facilitado a cursos online, ferramentas, videoaulas, etc. qualquer ser humano pensante é capaz de aprender a programar e criar soluções valendo-se de poucos insumos como um computador, energia elétrica e internet, trabalhando em casa e ainda promovendo a geração de empregos e a distribuição de software para o mundo todo.

No primeiro mundo a programação já virou disciplina até em escolas infantis, como nos EUA, Inglaterra e Austrália. Já no Brasil, eterna colônia, só que agora consumidora de eletrônicos e tecnologias, que ao invés de serem aqui produzidas, chegam via importações altissimamente taxadas, a preocupação é com a inconcebível e reiterada tentativa de erotização das crianças e com os famigerados banheiros unissex…

Uma ótima notícia é que o Facebook anunciou a criação da Estação Hack (https://www.facebook.com/estacaohack), um centro de educação e inovação tecnológica que deverá ser aberto até o fim de 2017  na cidade de São Paulo. Será voltado para jovens interessados em programação e empresas digitais. O espaço oferecerá bolsas a mais de 7.400 jovens brasileiros por ano nas áreas de programação, planejamento de carreiras e gestão de empresas.  A iniciativa vai promover a formação de talentos na área de tecnologia, capacitar empreendedores e acelerar startups de alto impacto social.

Outra iniciativa digna de nota é o HackerRank (https://www.hackerrank.com), uma ferramenta onde candidatos resolvem desafios de programação para angariarem pontos em processos seletivos, substituindo assim a tradicional análise de currículos e entrevistas dos processos seletivos para funções que envolvam programação.

Há ainda o BitDegree (https://www.bitdegree.org), que é uma ferramenta de aprendizagem online imprescindível para que as empresas recrutem talentos tecnológicos e moldem a educação global às suas necessidades, dando como recompensa bolsas de estudo para estudantes que desejam investir tempo e esforço para aprender novas habilidades.

Iniciativas deste porte são inspiradoras e capazes de apoiar o ecossistema econômico e de tecnologia no Brasil, treinando jovens em programação, ajudando na criação de negócios inovadores e fornecendo recursos para os pequenos e médios empresários usarem a economia digital a seu favor. Em uma região interiorana concentrada em atividades industriais, comerciais e agrícolas como a nossa, investir em formação em programação e criação de software poderia ajudar a diversificar a matriz econômica regional, promovendo a independência da economia dos fatores climáticos.

O futuro aponta para a imersão digital, big data, realidade virtual e aumentada, visão computacional, onde a internet das coisas, o aprendizado de máquina e a inteligência artificial farão parte da vida das pessoas interagindo com uma infinidade de dispositivos e sistemas. Pois bem, quem serão e que formação deverão ter os profissionais que enfrentarão os desafios neste novo ecossistema já às portas com o futuro?

A programação, a automação, a tecnologia e a inovação pedem passagem e, a menos que a máquina governamental “burrocrática”, reguladora, inchada e inepta atrapalhe, já embarcaram no trem para o futuro e têm um longo caminho a desbravar para assim contribuir com a humanidade. Além disso, consumidores engajados também podem ditar os rumos apoiando as boas ideias materializadas em softwares e produtos, se beneficiando ao fazerem uso de tais aparatos, bem como boicotando o que não agrada, assim refinando o mercado.

É salutar enaltecer a razão, a sensatez, o pensar com a sua própria cabeça. Nada mais débil e tacanho do que seguir a manada, ser “modinha”, ser marionete, ser gado, ser papagaio e repetir frases de efeitos e clichês pré-fabricados e incutidos ardilosamente nas mentes incautas e mesmo assim se achar o intelectual, o crítico e politizado. Já passou da hora de se libertar da TV manipuladora, das amarras e cabrestos ideológicos que abortam o livre pensar, que reduzem as pessoas a meros seres adestrados para venerarem e votarem em X ou Y. O ente mais oprimido tem sido o cérebro, a liberdade de pensar, de discordar, de debater, de argumentar, ocasionando debates rasos e sentimentais, emburrecimento, alienação, incapacidade de calcular, de ler e interpretar, pobreza na cultura, na arte, na música, na moral.

Nada mais libertário, emancipatório, reativo, subversivo, transgressor, insurgente, revolucionário, lacrador e empoderado que ler a realidade com seus próprios olhos e pensar com a sua própria cabeça. Que sustentar os valores clássicos e basilares da sociedade, ser autônomo, ser independente, pensar, planejar, criar, “programar” e ser protagonista da sua própria vida, valendo-se do intelecto e da capacidade maior e mais nobre que possuímos, a nossa razão, fazendo uso dela para se alcançar ganhos sociais, sem fazer uso de vitimismos ou esperando socorro da bengala governamental.

Pensar também ajuda a escolher melhor os candidatos, baseando-se em ideias, propostas, capacidade e não em sentimentos, ajuda a planejar a vida financeira e a familiar, que é o núcleo, o porto seguro, o abrigo acolhedor, solidário e sagrado onde celebramos as maiores conquistas e recebemos conforto para os infortúnios da vida. Ainda ajuda a aguçar o olhar para o que é belo, auto enaltecível, criativo, nobre, que é arte de fato, contrapondo o grotesco, o degenerado, o abominável, o bestializado, o degradante, o depravado, o desajustado, o pervertido, a devassidão, os frutos do intestino.

O que separa o sonho da realidade é a ponte que devemos construir. E que tal usar o raciocínio e a capacidade para fundar os alicerces da ponte que pode levar à realização dos sonhos? Pense e se empenhe nisso! O que vale a pena na vida se conquista na subida.

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Sobre o autor:

Wanderson Rigo (wanderson.rigo@ifc-videira.edu.br) é cidadão brasileiro, pagador de impostos, filho obediente, marido fiel, pai dedicado, vive o cristianismo, é mestre em Computação, Coordenador do Curso Técnico em Informática Integrado ao Ensino Médio do IFC-Videira e como professor ministra disciplinas ligadas à área de programação no Curso Técnico em Informática e também no curso de Ciência da Computação.

Sobre a coluna “IFC: Educação para todos”:

Este é um espaço de discussão de temas relacionados à Educação Pública, Sociedade, Profissões, Cursos, Ciência e Tecnologia. Toda semana um assunto diferente será abordado por professores e técnicos do IFC Videira. Tem sugestão de temas que gostaria de ver aqui? Mande sua ideia para comunicacao@ifc-videira.edu.br

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P. S. : Os conceitos emitidos por artigos ou por textos assinados e publicados neste jornal são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

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