Jornal Caboclo

da região do Contestado, SC

Colunas e Opinião

O dia em que a limitação está no pensamento, escrever Alexandre Weimer

Uma reflexão sobre o Dia Internacional da Mulher

Por Alexandre Weimer

Hoje é um dia especial, muito mais que uma data comercial em que a compra de flores dispara ou os jantares recebem um número de reserva acima da média, precisamos realmente entender o real significado da data, que foi esquecido por muitos, já que existe apenas a comemoração. Mas, pelo esforço do passado e ainda o que está acontecendo com as mulheres, acredito que todos nós precisamos entender para valorizar mais. 

Parece quase loucura, mas há pouco tempo, as mulheres não tinham direito a voto. Até 1932 (menos de 100 anos), as mulheres não tinham o direito de votar aqui no Brasil. Parou para pensar? E as justificativas eram muito levianas, sem nexo algum com a lógica de como funciona um corpo humano ou um cérebro. Parecia que a mulher não tinha capacidade de tomar decisões sem “passar pelo homem”. Só que esse movimento, de menos de 100 anos, ainda acontece nos dias atuais, não mais com o voto, mas sim com o pensamento. E quero falar mais sobre o pensamento e o julgamento como um catalisador da ignorância. 

Reflexão: O julgamento é uma arma corrosiva, que se colocada na mão de ignorantes destrói sonhos

Por que dia 8 de março existe?

Acredito muito que toda a data, seja Natal, Páscoa, Dia das Mulheres, ou qualquer outra data comemorativa, precisa ser ressignificada. Sou um profissional especialista em vendas, entendo que uma data como essa pode mudar os motivos de compras, mas não podemos apenas nos neutralizar nesse viés, compete a nós entender com profundidade, para que quando entregarmos ou recebermos algo, tenhamos na mente os motivos reais.

O Dia Internacional das Mulheres teve origem no movimento operário e se tornou um evento anual reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Mas, isso demorou um tempo para acontecer, e para isso uma mulher foi bem importante, ela era chamada Clara Zetkin, ativista que defendia o direito das mulheres. A primeira ideia, dada por ela, foi em uma Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, que aconteceu em Copenhague no ano de 1910. Nesse evento haviam 100 mulheres, de 17 países, presentes. Mas, a oficialização da data só veio 65 anos depois, quando a ONU começou a comemorar a data. Mesmo a ONU só formalizando em 1975, em 1917 aconteceu outro grande movimento, agora na Rússia, onde inclusive se usou as cores “oficiais do Dia da Mulher”, roxo, verde e branco. Em 1917, aconteceu uma greve em meio à guerra (Primeira Guerra Mundial), quando as mulheres russas exigiram “pão e paz”. E quatro dias após a greve o Czar foi forçado a abdicar, e o governo provisório concedeu às mulheres o direito ao voto. A greve das mulheres começou em 23 de fevereiro, pelo calendário juliano, utilizado na Rússia na época. Este dia corresponde a 8 de março no calendário gregoriano — e é quando é comemorado hoje.

A luta eterna contra o julgamento 

Não é difícil você ouvir alguém falando sobre a falta de capacidade de uma mulher em algumas atividades. Ao ver uma mulheres dirigindo um ônibus ou um caminhão, é comum a cara de espanto, não por ser uma mulher, mas pelo julgamento da capacidade. E precisamos ser honestos, isso acontece com outras pessoas, com outras formas de julgamento. Já recebi diversos julgamentos por conta de ser um homem com cabelo comprido, de forma explícita em citações em redes sociais ou até mesmo com palavras. Então, imagina o que se passa no pensamento das pessoas. 

Reflexão: O julgamento limita qualquer pensamento de inovação. Não julgar é se libertar para as possibilidades

Pessoas que têm a capacidade de julgar sem conhecer, com certeza estão criando uma limitação de pensamento, que vai limitar não só as crenças, mas também a capacidade de pensar de forma expansiva. Esse tipo de pensamento ajuda e muito no processo de criação, gerando novos fluxos de pensamentos. 

Ada Lovelace

O que uma mulher pode fazer? 

Em minha opinião, o que ela quiser. Vai depender muito do seu pensamento e desejo. Vou pegar como exemplo a programação de softwares, onde vemos muitos homens (mais de 90%). Só que você sabia que o primeiro código de programação foi feito por uma mulher? 


Ada Lovelace nasceu em 1815 na Inglaterra, filha de uma brilhante matemática, Anne Isabella Byron, e um famoso poeta, Lord Byron. Sua trajetória familiar não é tão diferente da de muitas de sua época: foi abandonada pelo pai quando ele descobriu que teria uma filha, e não um filho. Foi educada nas ciências exatas, e sua mãe fez de tudo para mantê-la longe da poesia. Sua mãe tirou qualquer filtro de “capacidade” e então, ela mergulhou nos estudos sobre a invenção, entendeu que as máquinas teriam uma capacidade de processar informações através de sequências numéricas e escreveu o primeiro algoritmo da história.

Algoritmo criado por Ada Lovelace


Observe o pensamento dela em 1835, “as máquinas terão capacidade de processar“. 


Espero que tenha feito sentido esse conteúdo mais profundo. Estamos juntos, para o que precisar. 

Aqui apresento para vocês uma foto do “algoritmo” criado por ela, na época.

O matemático Augustus de Morgan chegou a escrever para a mãe de Ada que, “apesar das habilidades da jovem, as mulheres não eram capazes de aprender, por não terem a mesma força dos homens“. Ela morreu em 1852, vítima de um câncer no útero. Suas notas foram publicadas em 1953, quando a máquina analítica foi aceita como o primeiro modelo de um computador.

Reflexão final: A limitação é apenas uma forma leviana e injusta de se pensar

Nota do Editor: Para conhecer mais sobre a jovem cientista que deu origem à programação dos computadores acesse: https://www.estudarfora.org.br/ada-lovelace/

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Sobre o Autor: Alexandre Weimer, Mentor e conselheiro em Vendas e Marketing, Investidor de empresas, CEO da A9 Performance e Cofundador do HJ Conference (hjconference.com.br)

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P.S.: Os conceitos emitidos por artigos ou por textos assinados e publicados neste jornal são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.

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